Reunidos em Brasília, procuradores-gerais de 11 países anunciaram que vão montar equipes multilaterais para investigar a rede de corrupção da construtora brasileira Odebrecht, a qual revelou um submundo de financiamento ilegal da política em três continentes.
Na quinta-feira, os procuradores se comprometeram a "promover a constituição de equipes conjuntas de investigação, bilaterais, ou multilaterais, que permitam investigações coordenadas sobre o caso Odebrecht", segundo um comunicado assinado por Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Portugal, Peru, República Dominicana e Venezuela. A iniciativa também inclui a Operação Lava-Jato.
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Ao fim do primeiro de dois dias de uma cúpula realizada a portas fechadas e sem acesso da imprensa, os procuradores disseram que vão buscar "insistir na recuperação de ativos e na reparação integral dos danos causados pelos ilícitos, incluindo o pagamento de multas, segundo a legislação de cada país".
A escala dos subornos a funcionários públicos em troca de obras e de medidas parlamentares orquestradas pelo grupo se estendeu por grande parte da América Latina, com ramificações na África e na Europa, e incluiu um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro.
Grande parte da investigação sobre o esquema de pagamentos da Odebrecht ainda corre sob sigilo. Além disso, a empreiteira e a Justiça firmaram uma cláusula de confidencialidade de seis meses, válida até 1º de junho de 2017.
"O Brasil recebeu várias solicitações de cooperação jurídica internacional relacionadas ao caso Odebrecht, mas está obrigado a cumprir suas leis internas e a respeitar o prazo acordado, sem prejuízo de que os países deem continuidade às investigações que já acordaram", informa o texto divulgado à noite.
A pedido da Odebrecht, os procuradores aceitaram ouvir uma exposição dos advogados da defesa sobre os planos de cooperação com os Ministérios Públicos da região para ajudar "a elucidar todos os atos ilícitos vinculados com sua atuação".