O empresário Marcelo Odebrecht prestou, na manhã desta sexta-feira, depoimento ao juiz auxiliar Marcio Schiefler, que trabalha no gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, morto em queda de avião na semana passada em Paraty (RJ). A audiência, que ocorreu na Justiça Federal de Curitiba, faz parte do processo de análise da colaboração premiada feita pela Corte e serviu para o empresário confirmar à Justiça o teor de seus depoimentos e se ele depôs por vontade própria, sem ser pressionado.
Marcelo é o último dos 77 executivos, funcionários e ex-funcionários do grupo que foram ouvidos pelos magistrados auxiliares do Supremo que atuam na análise do acordo, o principal da Lava-Jato até agora e que deve dobrar o tamanho da investigação.
Concluída essa fase dos depoimentos, o caso tem pelo menos dois destinos possíveis. Pressionada por integrantes da própria força-tarefa da Lava-Jato, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, pode homologar as delações durante o recesso dos ministros, que vai até terça-feira. Na segunda-feira passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu urgência na validação dos depoimentos, abrindo caminho para que a ministra tome a medida, caso considere necessária.
Outra possibilidade é que o caso seja encaminhado ao próximo relator do caso no STF, que deve ser definido na semana que vem na volta aos trabalhos da Corte. Os membros da Lava-Jato se preocupam com essa segunda hipótese, porque temem os riscos de o futuro relator atrase o procedimento. Auxiliares de Cármen Lúcia afirmam que a chefe ainda não definiu sua posição.
Condenado a mais de 19 anos de prisão, Marcelo responde a crimes como corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa e cumpre pena no Paraná. Após afirmar diversas vezes que era inocente e não teria informações relevantes para prestar aos investigadores, ele mudou de ideia e resolveu assinar o acordo de delação, com objetivo de reduzir sua pena.
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O acordo de colaboração fechado com a Procuradoria-Geral da República prevê que apenas Marcelo Odebrecht continue na prisão até o fim deste ano. Ao todo, a pena prevista para Marcelo será de dez anos, sendo os dois primeiros na cadeia. Depois desse período, no fim de 2017, passará a ter direito a progressões gradativas: dois anos e meio em regime fechado domiciliar, dois anos e meio no semiaberto e a última parte no regime aberto.
Antes do ex-presidente da construtora, o juiz ouviu nesta sexta o ex-diretor da Odebrecht Sul Valter Luis Arruda Lana.