O adolescente de 17 anos que matou a turista Daniela Scotto, 38 anos, no Papaquara, norte da Ilha, em Florianópolis, na madrugada de 1º de janeiro deste ano, havia sido apreendido pela Polícia Militar (PM) por porte de drogas na comunidade um dia depois do assassinato. Naquele momento, após ser ouvido, ele foi liberado. Isso ocorreu, segundo a Polícia Civil, porque o rapaz ainda não era suspeito do homicídio.
Com o avanço das investigações, as equipes concluíram que ele foi o responsável pelo tiro que atingiu Daniela. Buscas chegaram a ser feitas na casa onde ele morava com a mãe antes de se mudar para o norte da Ilha. Durante o depoimento prestado na prisão pela posse de drogas, ele foi questionado pelo investigadores sobre a morte da turista, mas negou envolvimento, segundo o delegado Eduardo Mattos, responsável pelo inquérito.
Na última semana, o advogado do adolescente, Charles Jacob Pegoraro Kerber, começou os contatos com a Polícia Civil para apresentá-lo. Kerber diz que isso não ocorreu antes por que o suspeito estava "profundamente abalado". Mattos, entretanto, diz que o motivo alegado em depoimento foram alguns ferimentos que o adolescente tinha e precisava se curar.
O rapaz chegou a ser apresentado pelo advogado na noite de domingo na 6ª DP, na Agronômica, mas naquele momento o mandado físico não estava disponível e nem havia sido colocado no sistema policial. Por isso e por causa das lesões, ele teria optado por se apresentar na segunda-feira à noite, 8ª DP, nos Ingleses.
O defensor do suspeito não quis falar sobre os detalhes do crime. Kerber justifica que o processo está em segredo de justiça:
– Ao término das investigações, a autoridade policial vai dar os esclarecimentos. Prefiro não falar mais até para não atrapalhar as investigações.
À polícia, o adolescente argumentou que não tinha a intenção de matar a turista. Ele disse, de acordo com o delegado regional da Grande Florianópolis, Verdi Furlanetto, que apontou a arma para o carro por achar que o veículo era de um inimigo. Acidentalmente, sustentou, o revólver disparou. A arma do crime não foi encontrada. Ele diz que a jogou no rio. Mattos não descarta novas prisões dentro do inquérito.
Natural de Florianópolis, o suspeito morava na comunidade do Papaquara, onde ocorreu o crime, com a namorada. A mãe dele também reside na Capital, mas em outro ponto da cidade. Kerber pretende pedir a revogação da prisão dele nos próximos dias. O rapaz será levado para um Centro de Atendimento Socieducativo (Case). No depoimento na noite de segunda, ele pediu para ficar em ala afastada de onde estão os integrantes de uma facção criminosa que atua no Estado por medo de represálias.