Em relato aos delegados Antônio Firmino de Freitas Neto, titular da 4ª Delegacia de Polícia (4ª DP) em Santa Maria, e José dos Santos Araújo, titular da DP em Pinhal Grande, Ariosto da Rosa, 41 anos, suspeito do assassinato de quatro pessoas em Pinhal Grande, disse que "o que tinha de ser feito, foi feito".
– Não me arrependo. Faria de novo – disse aos delegados.
Ariosto foi preso na manhã desta terça-feira em Dona Francisca, município vizinho a Pinhal Grande. A prisão ocorreu depois que um informante entrou em contato com o delegado Firmino na segunda-feira e denunciou a localização de Ariosto, que estaria em uma localidade no interior de Dona Francisca. Firmino, então, entrou em contato com o advogado Airton de Mello, que já havia representado Ariosto em um processo há 10 anos, quando o suspeito respondeu pela tentativa de homicídio contra a ex-namorada.
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– Nós conversamos e acertamos de ir até o local na manhã desta terça-feira. Ele foi localizado por volta das 10h30min caminhando às margens do Rio Jacuí, perto da usina, no interior de Dona Francisca – conta Firmino.
Ariosto não reagiu à abordagem da polícia. Ele vestia uma camiseta, calça e estava descalço, além de carregar uma mochila. Recebeu voz de prisão, foi algemado e levado em uma viatura da polícia até a sede da 4ª DP, no bairro Camobi, em Santa Maria, para prestar depoimento.
Foi durante a viagem de Dona Francisca para Santa Maria que relatou a motivação para os crimes.
A enteada Bianca Moraes de Salles, 16, foi morta, segundo o que contou aos delegados, porque a adolescente o havia denunciado à Polícia Civil por assédio sexual.
– Ele nos disse que não tinha feito nada contra ela, mas já que ela havia denunciado ele, agora ele faria – disse o delegado Araújo.
Bianca foi morta com um tiro na cabeça e estava parcialmente despida quando foi localizada pela polícia dentro de uma casa em uma propriedade rural que Ariosto arrendava. A análise pericial no local do crime apontou para a possibilidade da adolescente ter sido estuprada. Material genético foi coletado e encaminhado para análise do Instituto-Geral de Perícias (IGP). Não há um prazo para o resultado.
Depois de sair da casa onde matou Bianca, Ariosto encontrou e assassinou Iran Gonçalves dos Santos, 10.
_ A motivação estaria relacionada ao fato do pai do menino ter colocado alguns animais na terra que Ariosto arrendava e estar em disputa pela área na justiça. Ele disse que poderia ter matado o pai, mas que ele (o pai) sofreria mais se matasse o menino – relatou o delegado Araújo.
Ariosto seguiu de carro pela estrada de chão quando avistou Alex Cardoso, 17. O adolescente foi atropelado e depois morto com dois tiros na cabeça. Conforme o delegado Araújo, Ariosto alega que o pai do adolescente teria ficado com parte da safra de milho que ele havia plantado nas terras que arrenda do pai de Alex.
Depois de ter cometido o crime, Ariosto seguiu com o carro, quando viu, então, a última vítima: Afonso Gonçalves, 60.
– A vítima era companheira de uma prima dele. Os dois teriam tido uma discussão depois que o senhor (Afonso) rasgou uma toalha de mesa. Foi motivo fútil – explica o delegado Araújo.
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De acordo com o delegado Firmino, Ariosto disse que estava na região onde foi encontrado há cerca de 20 dias. A irmã dele vive em Dona Francisca, mas o advogado, Mello, nega que ele tenha encontrado ou se abrigado na casa dela.
– Ele só vai falar em juízo – falou o advogado.
Na 4ª DP, Ariosto disse que se arrependia, relato diferente do que havia feito durante a viagem. Ele deve ser indiciado pelos quatro homicídios, que vão ser qualificados por motivo torpe e fútil. É aguardado o resultado da perícia para determinar se Bianca sofreu abuso, o que resultaria na responsabilização de Ariosto também por estupro.
O delegado Araújo afirma que deve fechar o relatório do inquérito entre esta terça e quarta-feira, e remetê-lo à Justiça. Ainda não está definido para qual casa prisional Ariosto será levado, mas deve ser em Santa Maria.