O jornalista José Mitchell morreu nesta terça-feira, aos 69 anos, em Porto Alegre. Ele estava internado havia cerca de três meses no Hospital Divina Providência, lutando contra complicações do diabetes. De acordo com familiares, a causa da morte foi infecção generalizada. O corpo do jornalista será velado a partir das 22h e sepultado nesta quarta-feira, às 11h30min, no Cemitério São Miguel e Almas, na Capital.
Nascido no Rio de Janeiro, Mitchell vivia no Rio Grande do Sul desde a infância. Formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na década de 1970 e trabalhou por mais de 30 anos na sucursal gaúcha do Jornal do Brasil.
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Atuando como repórter no Jornal do Brasil, Mitchell acompanhou de perto um dos períodos mais difíceis da história do Brasil: a ditadura militar. A cobertura dos fatos que marcaram o regime – como o sequestro do casal uruguaio Lílian Celiberti e Universindo Diaz em 1978 – e informações dos bastidores de suas reportagens estão no livro Segredos à direita e à esquerda da ditadura militar, lançado em 2007 pela RBS Publicações. O jornalista também montou uma coletânea com mais de 180 publicações sobre o assunto, que hoje integra o acervo da Biblioteca Pública do Estado.
Depois de se desligar do Jornal do Brasil, Mitchell integrou a equipe de telejornalismo da RBS TV por 10 anos. Foi pauteiro do RBS Notícias, do Jornal do Almoço e do Bom Dia Rio Grande. Na TVCOM, comandou o programa Histórias, no qual entrevistava personalidades de destaque no Rio Grande do Sul.
– Trabalhar com o Mitchell era fantástico. Ele prezava a informação em primeira mão, com exclusividade. Dizia: "A única coisa que vale é o furo". Era um cara quase obcecado pelo trabalho jornalístico. E era uma pessoa afável, doce, um grande colega – lembra o coordenador-geral de produção da RBS TV, Norton Kappel.
Entre as várias premiações que o jornalista ganhou, destaca-se o Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, concedido pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos, para a reportagem publicada no Jornal do Brasil sobre a Operação Condor, a aliança político-militar criada para reprimir a resistência aos regimes ditatoriais instalados nos seis países do Cone Sul.
Mitchell deixa a mulher, Maria Aparecida Mitchell, os filhos Igor e Tatiana, o neto Gabriel, além do genro e de seis irmãos.