Único deputado federal gaúcho citado na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Marco Maia (PT) não quis conceder entrevista a Zero Hora nesta segunda-feira. O petista preferiu enviar nota oficial na qual refuta como mentirosa as declarações do executivo a ser respeito.
Nas informações prestadas à força-tarefa da Lava-Jato, Melo Filho diz que que Maia recebeu R$ 1,35 milhão na eleição de 2014. O delator não detalha como o pagamento foi feito, tampouco se foi doação oficial de campanha ou caixa 2. Na contas que declarou à Justiça Eleitoral em 2014, Maia não registra doações da Odebrecht ou de alguma de suas subsidiárias.
"Como já tenho afirmado incessantemente, por decisão pessoal, não pedi e não autorizei ninguém a pedir em meu nome nenhuma doação para minha campanha eleitoral em 2014 de quaisquer empresas que estivessem sendo investigadas por tal CPMI. Todas as doações feitas à campanha estão devidamente registradas no TSE conforme previa a legislação", afirma o deputado na nota oficial.
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Segundo o relato de Melo Filho à Lava-Jato, ele conheceu Maia durante uma viagem à Nova York em novembro de 2011, para um evento da Braskem, empresa com sede no Rio Grande do Sul e na qual a Odebrecht mantém participação. Na ocasião, Maia era presidente da Câmara e Melo defendia interesses da empresa no setor petroquímica. O executivo também conta que na mesma oportunidade conhecer Nazur Telles Garcia, assessor do deputado.
Em 2014, Maia teria procurado Melo Filho pedindo doações para campanha eleitoral. O executivo disse que repassou o pedido ao presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que autorizou o pagamento. O próprio Melo Filho teria avisado Maia que o dinheiro seria liberado. O sistema de doações da Odebrecht, afirma o delator, mostra dois pagamentos a Maia, entre o final de setembro e o início de outubro de 2014, totalizando R$ 1,35 milhão. No sistema, chamado Drousys, Marco Maia tem o apelido de "gremista", referência ao time do parlamentar, e os pagamentos são vinculados a “MBO” “evento 14 DP”.
Esta foi a terceira vez que Maia é citado na Lava-Jato. Ele já teve o nome apontado pelo ex-senador Delcídio Amaral, pelo ex-presidente da OAS Leo Pinheiro epelo ex-vereador petista Alexandre Romano, conhecido como Chambinho. Em ambos os casos, Maia negou as acusações.
Leia abaixo a nota oficial divulgada por Marco Maia:
Nota de esclarecimento,
Com relação às supostas declarações dadas pelo Sr. Claudio Melo, as quais citam a minha pessoa, gostaria de dizer:
- Tais afirmações são mentirosas e refuto com indignação tais ilações;
- Fui relator de uma CPMI em 2014, que tratava sobre a Petrobras onde foi encaminhado o indiciamento de 53 pessoas, mais o pedido de investigações de 20 empresas ao CADE pela prática de crime de cartel;
- Como já tenho afirmado incessantemente, por decisão pessoal, não pedi e não autorizei ninguém a pedir em meu nome nenhuma doação para minha campanha eleitoral em 2014 de quaisquer empresas que estivessem sendo investigadas por tal CPMI. Todas as doações feitas à campanha estão devidamente registradas no TSE conforme previa a legislação;
- Embora a Empresa Odebrecht à época não estivesse sob investigação a decisão valeu também para ela;
- Por fim, utilizarei de todas as medidas legais para que a verdade seja estabelecida e para que os possíveis desgastes a minha imagem parlamentar seja reparado em sua integralidade.
Brasília, 12 de dezembro de 2016,
Marco Maia, deputado federal.