Conviver com o diabetes se tornou mais difícil para a aposentada Lucia Jaskulska Luz, 65 anos. Há um ano, a moradora de Canoas não consegue consultar com o endocrinologista para realizar exames de rotina e reavaliar o estágio da doença. Como forma de controlar seu nível de glicose, Lucia tem contado apenas com o bom senso para aplicar as doses de insulina.
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– Eu me baseio pelo nível de glicose. Se está muito alto, aplico as duas insulinas, além da que tomo diariamente. Mas eu imagino que não esteja aplicando as doses certas – admite Lucia, que reclama:
– Preciso de acompanhamento médico, não posso só ficar renovando receita com o clínico geral sem que o médico especialista me veja.
Devido ao descompasso de sua glicemia, a aposentada faz uso de insulina e por isso, a cada seis meses, precisa ir ao endocrinologista para realizar exames e pegar receita para retirar as doses pelo Sus. No entanto, ela conta que, há um ano, não consegue consultar no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, onde iniciou o tratamento em 2010, quando descobriu a doença. De acordo com ela, o hospital informou que estava faltando um dado necessário para ela ter acesso ao especialista pelo Sus, mas não explicou como ela deveria proceder para solucionar o problema.
Particular
Lucia conta que fez encaminhamento no posto de saúde Fátima, mas também não obteve sucesso.
– Já fui até na ouvidoria da Secretaria da Saúde. Me deram a certeza de que iriam me chamar em setembro, mas já se passaram três meses, e nada – queixa-se.
Para não ficar sem a medicação, ela já pagou três consultas particulares e exames, um deles no valor de R$ 220. Entretanto, diz que não tem condições de pagar mais uma visita a um especialista.
A aposentada relata que, com frequência, tem passado mal de madrugada devido a picos de hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue). No último episódio, em outubro, foi levada desacordada pelo marido e pelo filho à Unidade de Pronto Atendimento (Upa).
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Caso está sendo avaliado pela prefeitura
Ao ser questionado pelo Diário Gaúcho, o Hospital Santa Casa de Misericórdia esclareceu que Lucia aguarda pelo Código de Marcação de Consultas e Exames (CMCE) – uma exigência para que ela tenha acesso à assistência de saúde via Sus. No entanto, a atribuição pelo CMCE é dos Gestores Públicos de Saúde, no caso, de Canoas.
A Secretaria Municipal de Saúde da cidade informou que está mantendo contato com Lucia para entender a situação, visto que ela estava recebendo tratamento pela Santa Casa e, depois, acabou fazendo uma consulta particular. Segundo a secretaria, a paciente será encaminhada para diagnóstico e tratamento conforme o nível de gravidade de seu estado de saúde e deverá ser atendida por especialista em Canoas.