Em Porto Alegre para participar de um encontro com prefeitos eleitos no Estado, o senador Romero Jucá (PMDB) disse que o presidente Michel Temer "não cometeu nenhum tipo de abuso, nenhum tipo de corrupção" no caso envolvendo o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que "pode ter saído magoado" do governo. Líder de Temer no Senado, Jucá defendeu a atuação de Temer e disse que o governo "não pode pagar o pato de uma briga pessoal". Calero acusou o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o próprio presidente de pressioná-lo para liberar a construção de um prédio em Salvador, onde Geddel tem um imóvel.
– O que o Temer fez foi arbitrar e procurar soluções jurídicas para o caso. Havia, sim, uma diferença de pareceres dentro do próprio Iphan. A orientação do presidente Michel foi: "procurem o entendimento". E disse ao ministro Calero: "qualquer dúvida, mande para a AGU". Portanto, a posição foi de arbitrar um possível conflito e encaminhar para as instâncias legais. O presidente Michel não cometeu nenhum tipo de abuso, nenhum tipo de corrupção. A oposição tenta tirar proveito e criar desgaste político.
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Jucá evitou julgar o comportamento de Geddel, o sexto ministro de Temer a cair em seis meses, e avaliou que a saída dele "tira do governo essa discussão". O senador limitou-se a dizer que Geddel "colocou uma questão que diz respeito à Bahia" e que o julgamento do ex-ministro será feito pela Comissão de Ética. Jucá também destacou que o governo não está preocupado com o vazamento de possíveis gravações, pois, se elas aparecerem, irão "mostrar que presidente foi sério e equilibrado, como sempre é".
– Quem conhece sabe que ele não é de pressionar ninguém, de agir de forma equivocada. Pelo contrário. É um constitucionalista, um democrata. Se houver gravação, será a prova necessária para mostrar que o presidente Michel nada fez de errado.
Na avaliação do senador, a crise gerada pela denúncia de Calero e a consequente queda de Geddel, um dos principais articuladores de Temer no Congresso, não serão um obstáculo para a aprovação da PEC do teto dos gastos públicos. Segundo Jucá, a proposta será votada, em primeiro turno, na próxima terça-feira. O segundo turno da votação está previsto para o dia 13 de dezembro, e a promulgação no dia 15.
– Essa PEC é fundamental. Na verdade, é a PEC da não criação de impostos. Nós não queremos aumentar os custos para a sociedade. Nós queremos cortar os custos do governo.
Jucá afirmou que os protestos contra a PEC 55, que chegaram a ser ironizados por Temer, são legítimos, desde que não haja "prejuízo para a sociedade" ou "invasão e depredação de prédios públicos". Segundo ele, o governo "deve aprender" com as manifestações que se espalharam pelo país.
O ex-ministro, que está na Capital desde ontem, também esteve reunido com o governador José Ivo Sartori (PMDB). Ele disse que apoia as medidas que vem sendo adotadas no Estado, pois "não há mais espaço para maquiagem política no Rio Grande e no país". Ontem, na abertura do encontro com prefeitos e vices eleitos, Jucá lançou uma proposta para que o PMDB volte a se chamar MDB.
– Queremos deixar de ser partido e ser um movimento, ser algo mais forte, mais permanente. Entendo que voltar a ser MDB resgata uma tradição. Se o MDB fez a redemocratização, o MDB novo pode fazer a reconstrução social e econômica do país.