A trabalho por uma empresa multinacional em Havana e Mariel desde o dia 20 de novembro, o engenheiro gaúcho Alberto Cattelan Kauer, 33 anos, ficou sabendo da morte de Fidel Castro enquanto jantava na última sexta-feira no restaurante El Cocinero, na capital de Cuba.
– El comandante morreu – anunciou um funcionário do estabelecimento.
Instantes depois, o local foi esvaziado. No trajeto de volta para o hotel em que está hospedado até a noite deste sábado, Kauer encontrou uma cidade vazia. Segundo ele, o ambiente é de silêncio, comoção e ansiedade. Confira, a seguir, a entrevista concedida pelo engenheiro para Zero Hora:
De que forma você ficou sabendo da morte de Fidel Castro? Como a notícia circulou em Havana?
Eu estava jantando no restaurante El Cocinero e havia muitas pessoas dentro e também nas ruas próximas. Foi anunciado que fecharia mais cedo (o estabelecimento) e começou uma mobilização para ir embora. Perguntamos o que acontecia e um funcionário falou "el comandante morreu". Foi todo mundo para suas casas e estava tudo fechando. A notícia chegou imediatamente para todos.
Qual foi a reação das pessoas com quem você teve contato?
Comoção. Um silêncio logo após a notícia chegar, ansiedade por tudo que ele (Fidel) foi para o país e pelo que acontecerá a partir de agora. Hoje (sábado) pela manhã todo mudo estava falando sobre o assunto, muitos estabelecimentos seguem fechados, bem como alguns pontos turísticos famosos. Não se vende bebida alcoólica e as bandeiras estão a meio mastro. É um momento histórico, do qual tenho a oportunidade de, coincidentemente, presenciar. Há muita curiosidade de todos. Hoje vejo que conhecia pouco a história dele e de Cuba. Aqui ele é visto como realmente um líder, um herói nacional.
Você conhece brasileiros que vivem aí? O que eles dizem?
Conheço alguns que trabalham aqui. O discurso é semelhante: muita curiosidade e ansiedade pelo que virá. As eleições americanas, segundo eles, já trouxeram dúvidas. Novas surgem agora.
Há reforço de segurança nas ruas?
Não, aparentemente está normal, talvez um ou outro policial a mais. Estão falando na mídia que está reforçada segurança, mas não se vê na rua. Tem pouca gente circulando.