Reunidos na Índia, durante a 7ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP7), delegações oficiais de mais de 100 países depararam-se com outro problema de saúde pública: a poluição atmosférica. Na semana em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) promove o encontro mundial para traçar ações de combate ao cigarro, a região metropolitana de Nova Délhi enfrenta um dos piores níveis de partículas perigosas presentes no ar dos últimos 20 anos.
A semana da COP7 coincidiu com o período de queimadas de resíduos em fazendas de regiões próximas e início do inverno na Índia, agravado pelos fogos de artifícios do festival hindu de Diwali na semana passada. Tudo somado à habitual poeira gerada por construções e as emissões de gases de efeito estufa emitidos por veículos.
– É um problema de saúde pública de outra natureza. Mas é no mínimo irônico que estejamos aqui discutindo formas de conter o tabagismo e que não consigamos respirar ar puro na rua – disse o embaixador do Brasil na Índia, Tovar da Silva Nunes.
No primeiro dia da conferência global, representantes das delegações oficiais fizeram seus pronunciamentos voltados aos malefícios do cigarro e as medidas implementadas até agora para reduzir o número de fumantes no mundo. Secretária-geral da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, a brasileira Vera Luiza Costa e Silva falou sobre a atuação da indústria e sobre a necessidade de manter as ações de controle.
– Há um conflito de interesse em relação às políticas públicas para conter o tabagismo – disse Vera.
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O Brasil é o maior exportador mundial de fumo e segundo maior produtor, atrás apenas da China. O Rio Grande do Sul concentra quase 50% da produção brasileira. O tamanho da delegação oficial representada na COP7, chefiada por Carlos Cuenca, do Ministério de Relações Exteriores, é proporcional à importância do setor. São 15 pessoas entre ministérios da Saúde, Agricultura, Casa Civil e agências reguladoras.
– Tivemos grandes avanços nesses 10 anos de COP, desde que o tratado internacional foi ratificado. Agora chegamos em um ponto de amadurecimento e consolidação desse trabalho – disse Cuenca.
Entre os assuntos que serão tratados até o próximo sábado durante a COP7, estão o controle do uso de ingredientes no cigarro, como umectantes que tornam o produto mais palatável, a possibilidade de estabelecer embalagem genérica para o setor e o comércio ilícito do produto no Brasil – especialmente vindo do Paraguai.
– São medidas que afetam diretamente um segmento muito importante para a economia brasileira, por isso buscamos essa transparência nas decisões – disse o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, que está na Índia juntamente com comitiva de empresários, produtores, deputados e prefeitos gaúchos e catarinenses.