A Polícia Federal em Santa Maria ouviu sete estudantes suspeitos de fazer ameaças contra integrantes das ocupações de prédios da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) na semana passada. Os posts, publicados em grupos do Facebook e WhatsApp, foram reproduzidos no site da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm).
Em um dos textos, um jovem sugeria que fossem levados facões para a assembleia estudantil, realizada na semana passada. Outras mensagens estavam acompanhadas de imagens de munição para arma de fogo. Conforme o delegado de Polícia Federal, Getúlio Jorge de Vargas, os estudantes – todos alunos da UFSM – atribuíram o ato à “imaturidade" e afirmaram não ter tido intenção de cometer crime. O conteúdo dos depoimentos será remetido ao Ministério Público. Em princípio, os estudantes não devem ser processados.
– Para configurar ameaça, alguém tem de se sentir ameaçado, mas não chegou nenhuma queixa. De qualquer forma, seguimos monitorando. A pessoa que tecer ameaças nas redes sociais pode ser responsabilizada, sim – diz Vargas.
Após uma semana de mobilização, já são sete os prédios ocupados na UFSM, dois do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), um do Centro de Artes e Letras (CAL), dois do Centro de Educação (CE), o Centro de Arquitetura e Urbanismo (CAU), além da Antiga Reitoria e do Antigo Hospital Universitário.
Não se sabe, efetivamente, quantos cursos tiveram as aulas interrompidas em função das ocupações. Para o reitor, Paulo Burmann, é cedo para falar sobre recuperação de aulas, até porque os professores devem entrar em greve no próximo dia 25:
– É óbvio que alguns arranjos serão feitos, mas só vamos pensar em ajustes mais na frente. Não sabemos como será o processo de recuperação das aulas. Geralmente quem resolve isso é o Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe).
Burmann descarta pedir reintegração de posse dos prédios e pede que a comunidade tenha paciência diante dessa situação, que é excepcional.
– A ocupação é um ato extremo que faz parte do movimento nacional. A gente tem de ter um mínimo de paciência para que haja menos efeitos colaterais para a comunidade acadêmica. Por isso, estamos trabalhando para diminuir tensões entre os estudantes. Intolerância não surte efeito em direção à solução – afirma o reitor.