Quando as 15 meninas de bairros da periferia de Guaíba entrarem no salão do Sport Club Itapuí na noite deste sábado, estarão vivendo o sonho de ter um baile de debutantes, mas também realizando o desejo de um rotariano que passou a vida na expectativa de fazer a diferença na história de jovens como estas que serão apresentadas à sociedade.
O primeiro baile organizado pelo Rotary Club Guaíba Farrapos foi idealizado por Jorge Maurício da Cruz, o Pancho, falecido há quatro meses. Durante nove anos, ele lutou contra o câncer, mas nunca desistiu de prestar serviços humanitários, como está expresso na missão do Rotary.
– Nos últimos meses, ele começou a fazer contatos para realizar o baile, quando já quase não podia falar – lembra Sílvia Marly de Mattos Cruz, viúva de Pancho.
Participar da organização do baile que será uma homenagem ao marido falecido está ajudando a dona de casa a canalizar a tristeza para algo que vai marcar a vida de 15 jovens.
Padrinhos
Em dois meses, os membros do clube buscaram padrinhos para as debutantes entre comerciantes, empresários e outras pessoas de Guaíba. Além de garantir o vestido, produção de cabelo e maquiagem, anel de 15 anos e roupa para os pais, as estudantes receberam atendimento odontológico completo e sessão de fotos. Também participaram de palestras sobre comportamento, postura, primeiro emprego e até mesmo receberam conselhos para a vida e para o futuro.
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– A nossa maior felicidade é o resgate dessas meninas, fazer com que se sintam parte da sociedade, que comecem a viver com um olhar diferente – observa o presidente do Rotary Club Guaíba Farrapos, Clóvis Roberto Carvalho de Souza.
Requisitos
Para participar do baile, as meninas de bairros como São Francisco, São Jorge, Pedras Brancas, Nova Guaíba, Florida, Ipê e Vera Cruz tinham que ter bom desempenho escolar, ser solteiras e completar 15 anos até dezembro deste ano. Clóvis explica que a ideia é que, depois do baile, as meninas se tornem voluntárias em outras ações do Rotary.
“No salão, vou estar nas nuvens”
Fazendo suspense quanto aos detalhes dos vestidos e da produção do evento, as debutantes conversaram com a reportagem pouco antes do ensaio geral. Em comum entre todas, a expectativa pela entrada no salão, diante de 350 convidados, além do momento mais esperado, a valsa.
– Eu não acreditei quando soube que tinha sido selecionada. Será um momento marcante da minha vida, acho que vou chorar muito – disse Jhuliana dos Santos Pereira, 15 anos, do Bairro São Francisco.
A estudante Caoene Maia Oliveira, 15 anos, do Bairro São Jorge, conta que participar de um baile de debutantes era um sonho:
– Minha mãe queria fazer uma festa para mim, mas se apertou nas contas e não foi possível. Vou estar nas nuvens quando entrar no salão.