Um grupo religioso suspeito de ligações com o Estado Islâmico pela Polícia da Alemanha possui integrantes em Florianópolis. Chamado de "A Religião Verdadeira" (DWR, na sigla em alemão), o grupo foi alvo de uma operação policial na Alemanha no começo da semana e está banido por ordem do Governo daquele país. Até o momento, a ligação com a capital catarinense se resume a voluntários que distribuíram o Alcorão no Centro da cidade durante quatro dias em julho deste ano. A liderança da religião islâmica em Florianópolis afirma que o grupo de orientação salafista, uma das correntes do islamismo, não possui ligação com a mesquita local.
De acordo com informações das agências de notícias alemãs Deutsche Welle e DPA, o grupo religioso de origem salafista, uma corrente ultraconservadora do islamismo, é alvo de investigações da Polícia alemã. O DWR é suspeito de prestar apoio ao grupo terrorista Estado Islâmico. Com cerca de cinco anos de existência, o grupo religioso já teria distribuído cerca de 3,5 milhões de cópias da versão do Alcorão chamada de "Leia!", de acordo com seu fundador, Ibrahim Abou-Nagie.
Imagens em redes sociais indicam que Ibrahim esteve em Florianópolis em julho deste ano para uma ação de distribuição do "Leia!". Segundo dados da Secretaria de Serviços Públicos de Florianópolis (SESP), voluntários do DWR requisitaram na prefeitura a distribuição dos exemplares entre os dias 8 e 12 de julho, na praça XV e na rua Felipe Schmidt, no Centro. O responsável pela requisição é o empresário catarinense de origem palestina Mussa Ahmad. Ele nega relação do grupo com qualquer ação ilegal ou violenta:
– "A Religião Verdadeira" já existe há cinco anos e tem o único objetivo de divulgar o Alcorão para quem não é muçulmano, não há nada de ilegal nisso. É importante que isso fique claro para que essa iniciativa religiosa não fique estigmatizada no Brasil. Acredito que o que está acontecendo na Alemanha é uma grande mentira.
Líder da religião islâmica em Florianópolis, o sheik Amin Alkaran afirma que o grupo DWR não possui ligação com a direção mesquita da Capital. Ele defende a religião e afirma que ainda há muito desconhecimento sobre o Islã no Brasil.
– A mesquita de Florianópolis funciona como qualquer igreja, onde a pessoa pode entrar e rezar. Procuramos manter distância de qualquer ação que não seja nesse sentido, por isso quero esclarecer que não temos qualquer ligação com o grupo DWR. Nossa comunidade tem cerca de 400 integrantes em Florianópolis e tenho orgulho em dizer que sempre tivemos uma convivência pacífica – diz o líder do Centro Islâmico da Capital.
A reportagem entrou em contato com a Embaixada da Alemanha no Brasil, que tem sede em Brasília, mas não obteve retorno até a conclusão desta matéria.
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