Condenado por assaltos a banco, estabelecimentos comerciais, pedestres, sequestro e tentativa de homicídio em Santa Maria e em outras cidades gaúchas, além de ser suspeito de outros crimes, Gerson da Luz Charão, 50 anos, foi assassinado com cinco tiros na noite de terça-feira, no bairro Urlândia, região sul de Santa Maria.
O criminoso chegou a ser denunciado pelo Ministério Público de Santa Maria por ligação com o bando do traficante Fernandinho Beira-Mar.
A Brigada Militar (BM) foi acionada por volta das 22h. Testemunhas contaram que um homem chamou por Charão em sua casa, na Rua São Carlos, e, quando saiu, foi baleado. Ele foi atingido cinco vezes no abdômen. Charão foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), levado ao Pronto-Atendimento (PA) do Patronato, mas não resistiu aos ferimentos.
Testemunhas disseram que avistaram um veículo estacionar próximo da casa onde estava Charão, e de onde teria saído o responsável pelo crime. Ele teria fugido no mesmo carro.
O filho de Charão, Geander de Souza Charão, 23 anos, contesta a versão da polícia. Disse que estava na mesma casa quando houve o crime, e que seu pai foi baleado oito vezes e socorrido pela família.
– Ele foi chamado pelo assassino, e a gente sabia que ele não era boa gente. Mas meu pai se dava bem com todo mundo. Depois, a gente ouviu 10 tiros. Oito deles atingiram ele. A gente socorreu e levou para o PA – conta Charão.
Este é o 52º homicídio registrado em Santa Maria neste ano. Em todo ano passado, foram 56 mortes violentas.
Vida no crime
Charão começou cedo no mundo do crime. Desde 1986, foi indiciado e condenado por nove situações.
Em 1999, ele e seu bando invadiram o Presídio Regional de Santa Maria para resgatar presos. Impedidos por policiais, atiraram e conseguiram retirar da cadeia detentos que estavam no pátio da casa prisional. Um ano mais tarde, ele teria participado de um assalto a uma agência bancária da Caixa Econômica Federal em Porto Alegre.
Em março de 2000, na condição de foragido, ele e um comparsa sequestraram uma pessoa dentro do campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Foram presos no mesmo dia na Avenida Medianeira, no bairro Medianeira.
Em 2002, ele foi reconhecido por policiais por suspeita de envolvimento no assalto a uma agência da Caixa em Santa Maria, na Avenida Borges de Medeiros, que aconteceu em 3 de maio daquele ano. No roubo, o bando fez de um estagiário refém e fugiu com R$ 160 mil (valores da época). A ação durou quatro minutos.
Um ano depois, o Ministério Público denunciou Charão por ter ligação com a quadrilha do traficante Fernandinho Beira-Mar, que estaria envolvida no assalto à Caixa. Em entrevista ao Diário no mesmo ano, Charão negou conhecer o traficante.
Em 2009, o Setor de Inteligência da BM, com ajuda de uma equipe de policiamento ostensivo, prendeu Charão em sua casa, na Vila Lorenzi, após semanas de monitoramento. Ele foi pego na BR-392, dentro do um Audi A3 prata, logo após ter saído da casa de um comparsa.
Em 23 de janeiro de 2009, Charão teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de Bagé, pois teria envolvimento em um assalto a uma casa de onde foram roubados R$ 1 milhão (valores da época) em jóias e dinheiro. Em liberdade, assaltou, junto com outras seis pessoas, um posto de combustíveis na BR-293, em Candiota. Após perseguição e troca de tiros com a BM, foi preso.
Conforme a Justiça Estadual, Charão cumpria pena em prisão domiciliar.