Independentemente de quem assumir a prefeitura de Porto Alegre a partir de 1º de janeiro, a tendência é de que Vanderlei Cappellari não siga como diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) na próxima gestão. Primeiro foi o deputado federal e candidato a prefeito da Capital pelo PSDB, Nelson Marchezan Júnior, quem deixou claro a sua total antipatia pelo trabalho desenvolvido por Cappellari, sacramentando, caso for eleito, o destino da presidência da EPTC:
– Demitirei o Cappellari no primeiro dia, porque fazer emboscada contra o Uber não é aceitável – disse o candidato na última sexta-feira, durante debate no Grupo Bandeirantes.
Leia mais
"Nunca tive e nunca terei táxi", diz presidente da EPTC
"Se os taxistas quiserem sobreviver, a palavra de ordem é adaptação"
EPTC começará a usar câmeras para multar nos corredores de ônibus
Nesta segunda-feira, foi a vez do atual vice-prefeito e também candidato à prefeitura pelo PMDB, Sebastião Melo, tornar pública a sua intenção de retirar Cappellari do cargo. No Twitter, o peemedebista declarou que é "óbvio que um prefeito que assume vai mudar todos os secretários. Eu também vou mudar. Inclusive da EPTC". No debate da Band, na sexta-feira, Melo elogiou a competência de Cappellari à frente do órgão.
'É óbvio que um prefeito que assume vai mudar todos os secretários. Eu também vou mudar. Inclusive da EPTC
Cappellari ajudou a fundar o órgão
Servidor público da prefeitura de Porto Alegre desde 14 de setembro de 1981, Cappellari, que ajudou a fundar a EPTC, em 1997, disse ter recebido a informação com naturalidade.
– Nem vi o que o Melo disse. Fui recebendo ao longo do dia mensagens de amigos. Mas a decisão é dos gestores. Sou funcionário e tenho que acatar o que for determinado por eles – disse.
Cappellari integrava o grupo de trabalho que, no fim da década de 1990, na gestão Raul Pont (PT,) passou a discutir a implementação de uma empresa pública para gerir o trânsito da Capital. Em 1998, quando a EPTC passou a operar de fato, ele foi empossado como coordenador de fiscalização, primeiro da Região Leste, e, depois, do Centro, até dezembro de 1999.
No mês seguinte, passou para a gerência de Fiscalização de Transporte e Trânsito, cargo no qual permaneceu até março de 2005. Nos anos seguintes, deixou a EPTC para prestar serviços na Secretaria de Esportes de Porto Alegre, e, depois, atuou como diretor de Trânsito de Canoas, na Região Metropolitana. Sua volta à prefeitura da Capital ocorreu mais de cinco anos depois, em 2010, já na função que exerce atualmente: diretor-presidente da EPTC.
ZH conversou com Cappellari sobre as declarações dos candidatos à prefeitura da Capital:
Como você encara as declarações dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre?
Normal. Um deles será o futuro gestor, e eu sou funcionário público concursado. Um deles será eleito para tomar decisões, e eu tenho que respeitar.
Já era de seu conhecimento que se Melo for eleito você será retirado desta função?
Não.
Como vai ser trabalhar esses dois meses sabendo que provavelmente será retirado do cargo?
Sou funcionário público e tenho minhas responsabilidades aqui dentro da EPTC. Quero encerrar meu trabalho da melhor maneira possível. Estou tranquilo.
A quais motivos você credita essa vontade de ambos os candidatos de retirar o senhor da presidência da EPTC?
Tem que perguntar para eles. Nossa prioridade é reduzir os acidentes graves na cidade e temos conseguido fazer isso com êxito. Nosso papel é fazer a gestão do transporte coletivo, do trânsito... e temos feito isso com qualidade.
Quais são seus planos para 2017?
Tenho o tempo necessário para me aposentar, então, vou avaliar essa possibilidade. Não gostaria, porque uma das coisas que sei fazer e que gosto é trabalhar em planejamento do transporte público.
O senhor acha que cometeu algum erro?
Erros a gente comete. Mas sempre procurei acertar. Participei de grandes projetos, como o da licitação do transporte coletivo, da licitação da lotação na Restinga e Belém Novo, do Bike Poa. Hoje, a cidade é reconhecida como referência em transporte coletivo e fluidez de trânsito.
O que você tem a dizer sobre as acusações do candidato Marchezan sobre perseguição da EPTC a motoristas do Uber?
Nunca perseguimos ninguém. Somos cumpridores da lei, pois a EPTC funciona como órgão de fiscalização e regularização. Não fizemos nenhuma ilegalidade. A nossa fiscalização atuou dentro da lei. Inclusive, sou a favor que se tenha essa nova modalidade. Trabalho para que essa modalidade seja abrigada pela Lei. Sou a favor de novas iniciativas, mas têm que estar transparente, dentro da lei.