A greve dos bancários completou um mês nesta quarta-feira, dia 5 de outubro, trazendo transtornos para quem depende dos bancos e sem perspectivas de acordo para a categoria. Uma reunião de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) acontece hoje, em São Paulo, mas o resultado não foi divulgado até o início da noite.
Na primeira semana do mês, época dos pagamentos, os problemas se agravam. Proprietária de uma estética no Bairro Rubem Berta, na Zona Norte de Porto Alegre, Karina Padilha Justo, 37 anos, ficou 20 dias sem conseguir sacar dinheiro nas agências de seu banco. Conseguia retirar apenas o extrato bancário. Para sacar, só indo em uma lotérica. Ontem, depois de várias tentativas, conseguiu.
– Tenho máquina de cartão de crédito e débito no salão e o dinheiro vem todo para cá. Vi gente idosa tentando sacar e não conseguindo – conta.
Para a cobradora Daiane Carvalho, 27 anos, o estresse foi outro. Ontem, ela foi a duas agências de seu banco no Centro para tentar sacar o salário. Acabou bloqueando o senha do cartão em uma delas, após três tentativas. Ao tentar resolver o problema, enfrentou filas pela segunda vez ao ir na agência na Rua José Montaury.
Quando a reportagem esteve no local, por volta das 10h30min, a fila lotava o espaço de autoatendimento.
– É uma dificuldade, uma correria e justo no dia que a gente recebe. E são poucos caixas eletrônicos para tanta gente – disse ela, preocupada também porque ontem era o vencimento da parcela do carro e do carnê da máquina de lavar.
Sem previsão
A categoria pede 9,31% de aumento e mais 5% de ganho real. O presidente do SindiBancários em Porto Alegre e Região Metropolitana, Everton Gimenez, explica que ainda não há previsão para o fim do movimento:
– É uma greve forte e heroica porque estamos sendo atacados de todos os lados. É a maior greve em adesão, com quase 70%. Pelos lucros dos bancos, eles têm condições totais de nos repor a inflação e dar até ganho real.
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A última proposta apresentada pela Fenaban, feita em 28 de setembro, foi de 7% de reajuste e um abono de R$ 3,5 mil, com aumento real de 0,5% para 2017.
Entre as demais reivindicações, estão também a participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários acrescidos de R$ 8.317,90, piso no valor do salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24) e vales alimentação, refeição e auxílio-creche no valor do salário-mínimo nacional (R$ 880).
Para driblar a greve
PAGAMENTOS, SAQUES E DEPÓSITOS
- Os bancos têm de oferecer canais alternativos ao atendimento individual.
- Caixas eletrônicos e agências lotéricas são opção para ações presenciais.
- O internet banking é alternativa para consultas de saldo, extrato, além de transferências e pagamentos de contas.
- A falta de pagamento das faturas acarreta multa.
ASSINATURAS DE CONTRATOS E SEGUROS
- Nos casos em que o atendimento pessoal é indispensável, os atendimentos deverão ser reagendados sem qualquer custo para o consumidor.
QUANDO NÃO FOR POSSÍVEL
- O consumidor deve entrar em contato com o fornecedor do produtos e serviço para viabilizar outra forma de quitação de débitos como aluguel, condomínio, luz, entre outras.
CASOS PONTUAIS E URGENTES
- Segundo o Procon Porto Alegre, os bancários devem proporcionar o atendimento nessas situações.
- Se o correntista não efetuar pagamentos por falta de canais alternativos, deve informar a demanda pelo call center do banco, anotar o número de protocolo e realizar denúncia junto ao Procon.
- A denúncia pode ser por meio do site ou baixando o aplicativo Procon App, disponível gratuitamente para sistemas IOS e Android.
- O atendimento na sede do Procon ocorre na rua dos Andradas, 686, das 10h às 16h.