Alunos do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ocupam, desde a manhã desta quarta-feira, o prédio do curso, localizado no Campus do Vale, na Avenida Bento Gonçalves, bairro Agronomia. Os principais alvos da manifestação são a PEC 241, que prevê um teto para os gastos públicos nos próximos 20 anos e que foi aprovada em segundo turno na Câmara, a MP 746, que visa reestruturar e flexibilizar o ensino médio no país, e o projeto Escola Sem Partido.
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De acordo com Fabiana Lontra, 20 anos, estudante do oitavo semestre do curso e uma das organizadoras do movimento, a ocupação foi decidida em assembleia realizada com a presença de mais de 300 alunos na manhã desta quarta. O ato ocorreu logo após as discussões.
– Essa já é uma luta nacional. Nós já vínhamos de outros debates em relação a esses projetos, porque essas medidas não vão influenciar apenas na nossa vida acadêmica, mas também na nossa vida profissional. Muitos de nós vão dar aulas em escolas públicas e não queremos 20 anos de precarização da educação – afirmou Fabiana.
A aluna salientou que conteúdos do curso não serão lecionados durante a ocupação, mas que atividades de ensino – entre elas, debates e oficinas – serão organizadas e oferecidas pelos estudantes no período.
Ainda conforme a estudante, outros cursos da UFRGS, a maioria da área de Humanas, estão avaliando uma possível adesão ao movimento e novas ocupações em outros prédios da universidade. Fabiana salienta que a intenção do movimento é uma paralisação geral na instituição de ensino.
– Estamos convidando outros cursos a aderirem ao movimento, porque apenas um curso não vai fazer diferença em um cenário nacional. A UFRGS, por ser uma instituição federal, tem responsabilidade no âmbito nacional. É dever da universidade se preocupar com a situação da educação e da saúde pública no país. Espero que mais pessoas se somem à nossa luta – disse.
Segundo a organizadora, alguns alunos do curso participaram do ato contra a PEC 241 em Porto Alegre na última segunda-feira. Perto do fim do ato, quando houve confronto entre alguns participantes e a Brigada Militar, alguns manifestantes se refugiaram no prédio da Faculdade de Educação da UFRGS, na região central da Capital. De acordo com Fabiana, os policiais jogaram bombas de efeito moral contra o grupo, que estava dentro da instituição de ensino.
– Solicitamos um posicionamento da reitoria da universidade sobre esse caso de repressão policial. Eles jogaram bombas nos manifestantes que estavam dentro do prédio. A BM não pode interferir em uma instituição federal – explicou.
O que diz a UFRGS
Procurada por Zero Hora no início da noite desta quarta-feira, a assessoria de comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) afirmou que representantes da instituição estão realizando uma série de reuniões para alinhar um posicionamento sobre o caso.
O que diz a Brigada Militar sobre o incidente na Faculdade de Educação da UFRGS
O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Marcus Vinicius, responsável pela operação que acompanhou a manifestação contra a PEC 241 na segunda-feira, afirma que a Brigada Militar só agiu após alguns participantes do ato cometerem ações de vandalismo. Sobre as bombas lançadas contra o prédio da UFRGS, o tenente-coronel afirmou que o projétil foi lançado com a intenção de liberar a via em frente à instituição.
– Um dos projéteis lançados contra os manifestantes acabou entrando no pátio do local, porque o cerceamento da faculdade é vazado, mas nossa intenção não era essa. Queríamos apenas liberar a via – afirmou o comandante.
*Zero Hora