Assim como em outras ondas de atentados nas ruas de SC desde 2012, fatos de dentro de uma prisão estão por trás do começo da violência que ameaçou a população da região de Itajaí nos últimos dias.
É importante relembrar que foi assim com as unidades prisionais de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, Joinville, no Norte, e em Criciúma, no Sul. Agora é a vez da Canhanduba, no Vale, figurar no foco de uma crise atrás das grades com efeitos assustadores à sociedade. Não que haja razão para sair ordenando crimes pelas ruas em tom de vingança e represália, mas oficialmente o descontentamento de presos do PGC seria a transferência de 16 detentos para Criciúma.
No passado recente, já houve casos de tortura contra presos, da vexatória revista íntima de familiares, da suspensão de visitas e da violência policial fora da prisão como pontos que culminaram com mandos para violência em cidades catarinenses. O sistema prisional melhorou de lá para cá. Houve mais rigor na apuração de desvios de condutas, abertura de novas vagas, ampliação da oferta de trabalho reformulação de setores de inteligência.
Só que ainda está longe do ideal, com denúncias de superlotação por todo o Estado, unidades interditadas e o mais preocupante: o avanço da facção mais temida do País, o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo. Os rivais do PGC começam a ganhar espaço em Santa Catarina pela região de Joinville em busca do rentável movimento dos pontos de drogas.
As autoridades da segurança e prisional estão convencidas que a melhor ação para conter o ímpeto criminoso dos líderes do bando é a transferência para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em prisões federais, onde ficam isolados e distantes para comandarem os crimes. Dos que foram desde 2012, boa parte retornou.
A boa notícia é que nem precisarão recorrer às vagas em prisões do governo federal. SC já tem o seu presídio de segurança máxima construído em São Cristóvão do Sul, no Planalto Serrano, ao custo de R$ 15,6 milhões. A obra está pronta, tem capacidade para abrigar 120 presos mais perigosos, sendo 30 em regime diferenciado. Oficialmente, ainda não entrou em operação e a fase que antecede a abertura é o treinamento de agentes.
Resta saber como será a reação nas ruas daqui para a frente. Fontes policiais consideram o quadro de tensão e conflito como permanente às organizações enquanto não houver reforço significativo de ações sociais, educacionais e mudanças na legislação. Descuidos, desintegrações, atrasos, subestimações e até excessos podem ser cruciais para o descontrole da ordem mais uma vez.