A chuva que atinge o Rio Grande do Sul desde o fim de semana castigou os gaúchos novamente nesta quarta-feira. O volume de precipitação no Estado atingiu números expressivos. Segundo dados do último balanço da Defesa Civil Estadual, desde o último domingo, Porto Alegre e mais três regiões do RS, Central (228mm), Noroeste (207mm) e Serra (240mm), ultrapassaram a média histórica do volume de chuva em outubro. Nessas áreas, a média do mês inteiro é de 145mm, 198mm e 178mm, respectivamente. Na Capital, foram registrados 117mm nesses quatro dias – a média para o mês de outubro é 114mm.
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A continuidade e constância dos temporais causou transtornos em diversas cidades do Estado. Até o momento, 11 rodovias ainda possuem trechos totalmente bloqueados e 25 mil clientes, 15 mil na área de concessão da RGE e 10 mil na da AES Sul, seguiam sem energia elétrica devido ao mau tempo. Segundo a Defesa Civil do Estado, 490 pessoas estão fora de suas casas, 291 desalojadas e 199 desabrigadas, em 63 municípios gaúchos.
Nesta quarta, em São Sebastião do Caí, um dos municípios mais atingidos pelo mau tempo, foi decretada situação de emergência. Na cidade, que teve 2,3 mil casas alagadas pela cheia do Rio Caí, 210 pessoas tiveram de deixar seus imóveis. A elevação do Caí também atingiu Montenegro, onde 72 pessoas precisaram ser retiradas de casa e abrigadas no Parque Centenário. A expectativa da Defesa Civil é que o nível das bacias diminua nas próximas horas com o afastamento da instabilidade.
Em Santa Maria, na Região Central, uma das que ultrapassaram a média de chuva no mês, o Corpo de Bombeiros encontrou o corpo do trabalhador rural Valdenir dos Santos Gomes, 37 anos, nas margens do Arroio Cadena, no bairro Urlândia. Análises preliminares da perícia indicam sinais de afogamento. O município foi bastante impactado pelo aguaceiro dos últimos dias: famílias precisaram ser retiradas de casa e a lavoura foi bastante danificada.
Chuva começa a deixar o Estado nesta quinta
Segundo o meteorologista Willian Minhoto, da Somar Meteorologia, o sistema de baixa pressão, que trouxe esse alto volume de chuva para o Estado, deve começar a deixar o RS nesta quinta-feira e ir em direção ao oceano. Com isso, a chuva deve perder força no solo gaúcho a partir da tarde desta quinta e o tempo começa a ficar mais seco amanhã e no final de semana.
– Com esse sistema de baixa pressão deixando o Rio Grande do Sul, a tendência é de que a instabilidade perca força. A chuva ainda vai atingir o Estado, mas com menos intensidade. São apenas pancadas de chuva menos constantes e mais fracas. Mas isso não é motivo para diminuir o alerta, porque o solo continua encharcado e isso pode ocasionar deslizamentos em áreas de risco – explica.
O meteorologista destacou que o vento úmido que veio da Amazônia e causa a sensação de abafamento no Estado também deve se deslocar em direção a Santa Catarina e ao Paraná.
– Com a saída desse vento, a temperatura deve ter quedas a partir desta quinta, mas nada muito impactante. O clima mais frio deve ser sentido mais no período da noite – afirma.
Defesa Civil segue monitorando situação da região das ilhas
A situação da região das ilhas de Porto Alegre segue sendo monitorada pela Defesa Civil municipal, mas, segundo o órgão, no momento, o nível do Guaíba não apresenta perigo. Segundo a última medição, realizada na tarde desta quarta-feira, o nível da bacia estava em 1m10cm. O alerta é emitido quando a altura atinge 1m80cm.
As últimas avaliações realizadas pelos agentes do órgão mostram que a situação está normalizada e não oferece risco para os moradores da região do Delta do Jacuí.
– Nenhuma região de Porto Alegre está em estado de alerta em relação à chuva. O pessoal da região das ilhas, diferentemente dos moradores de outras áreas da Capital, está acostumado com essas situações (enchentes). Então, existe um diálogo com os líderes das comunidades, em que eles também realizam um monitoramento e avisam a Defesa Civil sobre possíveis anormalidades – explicou a assessora do órgão, Bárbara Barbieri.
Ainda segundo Bárbara, o órgão possui uma equipe de plantão 24 horas para atender eventuais desastres naturais em Porto Alegre.
Os líderes comunitários do local possuem uma linha direta, por meio de transmissão via rádio, para agilizar a comunicação com a Defesa Civil para a emissão de alertas.
*Zero Hora