Cinco vezes por semana, a dona de casa Luana Gutierres da Cruz, 20 anos, se desloca do Bairro Jardim Algarve, em Alvorada, para a AACD, em Porto Alegre. Ela leva a filha Ágatha da Cruz Gonçalves, três anos, para tratar na instituição devido a uma doença rara que a colocou em uma cadeira de rodas. A viagem diária depende de quatro ônibus: um da empresa Soul até o Terminal Triângulo, na Capital, o T1 até a AACD e os mesmos no sentido contrário.
Não bastasse o cansaço de passar horas em trânsito com uma criança pequena, Luana e Ágatha ainda enfrentam outras dificuldades, como a falta de coletivos adaptados da Soul e a precariedade. O elevador às vezes não funciona ou a rampa está quebrada.
– Em maio, a Ágatha começou a usar a cadeira. Até então eu a levava num carrinho de bebê. Eu liguei para a Soul informando os horários em que eu preciso do serviço adaptado, fiz um cadastro e a atendente garantiu que os ônibus passariam. Nos primeiros dias foi tudo certo, mas depois começou a atrasar, não passar ou ter defeitos – conta Luana.
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A oportunidade de ver a filha se desenvolver foi o que motivou Luana a enfrentar este desafio diário. Mas a falta do transporte público adequado pode colocar em risco o tratamento.
– Se faltar ela perde a vaga. A AACD foi o único lugar que realmente mostrou resultado e ajudou minha filha, – diz a mãe.
Quando a menina nasceu, ela teve uma crise convulsiva e, a partir daí, passou 44 dias internada no Hospital de Clínicas. Ágatha foi diagnosticada com Síndrome de Moebius, um raro distúrbio neurológico complexo, caracterizado por paralisia não progressiva dos nervos cranianos, resultando em pouca expressividade facial e estrabismo convergente.
Quando a coluna de Ágatha começou a entortar, a mãe procurou a Secretaria Municipal da Saúde de Alvorada para fazer
o pedido de uma cadeira de rodas infantil. Sete meses depois, a cadeira foi concedida à criança. O que Luana espera agora é que a situação do transporte adaptado seja resolvida.
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SOUL tomou providência
“A empresa lamenta o ocorrido e informa que estava ciente da situação de Luana devido ao contato com a empresa e que já foram tomadas as medidas internas necessárias para que este fato não volte a ocorrer, e que suas necessidades de deslocamento sejam atendidas.
Sobre os problemas com os elevadores, esclareceremos que todos os ônibus passam por manutenção preventiva periódica em que são revisados os elevadores. Sobre acessibilidade, A SOUL esclarece que a frota está de acordo com a Lei de Acessibilidade, que estabelece que os veículos adquiridos a partir de 2008 sejam equipados com plataforma elevatória para cadeirantes, além de outros itens de acessibilidade, que a empresa atende integralmente. A empresa possui 120 veículos equipados com elevador para cadeirantes. Quando o usuário necessita de um horário em que é necessário elevador, a empresa oferece o serviço”.
Como proceder
O agendamento é feito pelo Serviço de Atendimento ao Usuário da SOUL, pelos telefones 3442 8500, 0800 510 2877 e pelo e-mail sau@soul.com.br.