O contrato que liga Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda preso na manhã desta quinta-feira, à Operação Lava-Jato diz respeito à construção de duas plataformas para exploração de petróleo na camada do pré-sal. Tecnicamente chamadas de Floating Production, Storage and Offloading (FPSO), as estruturas são unidades flutuantes que podem produzir, armazenar e transferir petróleo.
No centro das investigações da 34ª fase da Operação Lava-Jato, as plataformas P-67 e P-70 fizeram parte de um contrato da Petrobras com o consórcio Integra, formado pela OSX, do empresário Eike Batista, e pela Mendes Junior. Segundo o MPF, a suspeita é tenha ocorrido o pagamento de propina de R$ 5 milhões por Batista ao PT, por intermédio do ex-ministro da Fazenda dos governos petistas.
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O Consórcio Integra Ofsshore (Mendes Júnior e OSX) firmou um contrato de US$ 922 milhões com a Petrobras para a construção da P-67 e da P-70. Elas foram destinadas às áreas Lula Norte e Iara Horst, na Bacia de Santos, que se estende de Cabo Frio (RJ) a Florianópolis (SC). A investigação aponta que as empresas não tinham experiência na construção de unidades desse tipo.
A P-67, por exemplo, tem 353 mil toneladas e 288 metros de comprimento por 54 metros de largura. O consórcio foi responsável pela construção dos módulos das plataformas, enviadas à Ásia para serem integradas.
As plataformas têm como características a grande mobilidade e são importantes para a produção em águas profundas e ultraprofundas. Podem ser usadas em locais isolados, com pouca estrutura para a instalação de uma plataforma fixa.
Segundo a Lava-Jato, Mantega teria pedido a Eike Batista para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões em favor do PT como compensação pelo contrato firmado com a Petrobras.
Dificuldades para montar plataformas
Com a derrocada de Eike e o envolvimento da Mendes Junior nas denúncias de corrupção envolvendo os contratos da Petrobras, as obras das duas plataformas, que estavam sendo montadas no Porto do Açu, da OSX, entraram numa fase crítica.
Em fevereiro de 2015, em resposta a um questionamento do jornal O Estado de S. Paulo sobre a dispensa de mais de 500 funcionários pelo consórcio e o risco de o grupo contratado não entregar a encomenda, a Petrobras respondeu não ter recebido das empresas nenhum comunicado sobre cessão do contrato.
Três meses depois, o consórcio repassou a obra para a chinesa COOEC, que transferiu boa parte da obra para o exterior. A expectativa era de que apenas a partir de 2017 as duas plataformas pudessem ser alocadas em Lula e Iara.