Andando pelas ruas de Porto Alegre nesta semana, volta e meia, eu deparava com um carro escuro com a inscrição Força Nacional. Juro que tentava ver neles algo que não visse na Brigada Militar. Não vi nada. As pessoas alegavam se sentir mais seguras com a chegada deles, eu não. Me sentiria mais seguro com a Brigada Militar recebendo um tratamento decente. Querer com 136 homens tapar o buraco é subestimar nossa inteligência.
Em todos os batalhões, temos viaturas avariadas, coletes vencidos, munição em péssimo estado, rádios falhando. Sem contar salários parcelados.
Condições dignas
Achei de uma humildade sem tamanho os brigadianos receberem a Força Nacional com respeito e cooperação, mas sei que, no fundo, muitos acreditam estar sendo desrespeitados, pois, por anos, colocaram a vida no fio da navalha em condições inferiores de combate e, agora, passam por insuficientes.
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Eu agradeço a Força Nacional, mas sinto que 50 brigadianos bem pagos, com equipamento que preste e em condições dignas, são mais operacionais do que os 136 deles. Sei que a Força Nacional tem um efeito psicológico de segurança, mas sempre, apesar das minhas críticas, me orgulhei de ter a polícia mais dedicada do Brasil, mesmo sendo uma das que recebem os piores salários do país.
Na minha opinião, a Brigada Militar é quem deveria mandar homens para outros Estados, não o inverso. Se o Estado quer mais segurança, fortaleça a Brigada, porque trazer a Força Nacional só enfraqueceu.