A Polícia Federal (PF) indiciou um professor de 29 anos, de Santa Maria, pelos crimes de estupro de vulnerável e produção de material pornográfico infantil. Pelo menos duas crianças teriam sido abusadas e fotografadas por ele.
A investigação é um desdobramento de outra, que começou em 2014 e resultou em duas prisões preventivas, dois indiciamentos e duas condenações do suspeito, que está na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm) desde então. Nesses casos, pelo crime de divulgação de material pornográfico infantil.
Conforme a polícia, ele compartilhava fotos e vídeos com temática sexual infanto-juvenil na chamada deep web (formada por sites e conteúdos que não são acessíveis por links padrões, normalmente iniciados com www) e teria sido responsável por 35 postagens e pela visualização de 1,1 mil imagens. A PF buscava confirmar suspeitas de que o professor não só divulgava o material, como produzia e abusava de crianças.
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A hipótese ganhou força depois que a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), por meio de um pedido da polícia dinamarquesa, solicitou informações à PF, já que teve acesso a imagens de pornografia infantil que teriam sido produzidas pelo suspeito.
A PF solicitou uma terceira perícia, mais profunda, no equipamento de informática do professor e as imagens, criptografadas, foram encontradas. Segundo a investigação, as vítimas, dois meninos de 8 e 9 anos, eram fotografadas nuas, e fazendo poses, junto de um pedaço de papel onde o professor assinava o nome do perfil que usava na deep web. Foi por causa dessa assinatura que houve o contato da Interpol.
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A investigação concluiu que ele começou a produzir material, pois teria tido o acesso restringido dentro de uma área de deep web, chamada de "the love zone". Era exigido, pelos administradores, a publicação de conteúdo de pornografia infantil que ele mesmo produzisse para que os acessos fossem liberados.
Por isso a assinatura, junto com a data em que a foto foi feita, era a forma de comprovar a autoria.
Ainda de acordo com a investigação, o suspeito teria tido acesso às vítimas devido à proximidade com os pais delas, que confirmaram que eram seus filhos nas imagens.
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– Ele agia com o perfil de todo o pedófilo: prestativo, dissimulado. Era professor, lidava com crianças, se dispunha a cuidar delas, e os pais não desconfiaram. Ele se aproveitou disso para cometer os abusos – o diz o delegado Getúlio de Vargas.
O inquérito será remetido à Justiça.
Os crimes
O professor foi detido em uma operação da PF em 2012, por suspeita de pedofilia. Na época, ele trabalhava como bolsista em uma creche que fica dentro do campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Tempo depois, ele passou a responder em liberdade sob a condição de que não entrasse em contato com crianças.
No início de 2014, a PF instaurou dois novos inquéritos para investigar casos de pedofilia na Região Central do Estado. A apuração apontou suspeita sobre o professor, que estava trabalhando em uma escola em São Vicente do Sul. A liberdade provisória foi revogada, e ele foi preso preventivamente.
Condenações
A primeira condenação do professor foi em 24 de agosto de 2015. A pena foi de cinco anos e três meses de reclusão em regime fechado e pagamento de multa. A segunda sentença, de setembro, determinou cinco anos de prisão, inicialmente em regime semiaberto, e multa.