Você fez uma viagem tranquila no trensurb e, ao descer na sua estação, percebe que deixou no guarda-volumes a mochila que portava. A porta fecha e lá se vai o trem com a mochila que você deveria carregar. Essa é uma cena que se repete mais de 200 vezes por mês no trensurb – variam apenas os personagens e os itens esquecidos – e ocorrem com frequência também entre passageiros de outros meios de transporte como táxis, ônibus e lotações na Capital.
A partir do esquecimento, caso o objeto tenha sido localizado por alguém interessado em ajudar, o item extraviado fica na estação onde foi entregue. Posteriormente, vai para a Central de Achados e Perdidos da Trensurb, que fica na Estação Farrapos. Atualmente, no local há carrinho de bebê, muleta, vassoura de jardim, medicamentos, relógios, óculos, mochilas, livros, cadernos, capacete, documentos e até um terno masculino. O material fica disponível para ser reclamado pelos proprietários durante o período de dois meses. Depois, é encaminhado para doação.
– As pessoas colocam no porta-volumes. Quando vão descer, com tanta gente, acabam esquecendo – observa Vladimir Pereira Garcia, um dos responsáveis pelo setor de Achados e Perdidos.
Entrega
Só no mês de junho, foram esquecidos 293 objetos ao longo das 22 estações. Destes, 47 foram recuperados. Além da busca espontânea, funcionários do setor tentam localizar os donos dos itens perdidos. No caso de documentos, quem perdeu pode consultar no site da Trensurb (na opção Achados e Perdidos, à esquerda) antes de ir até a Estação Farrapos.
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Só são entregues ao titular ou mediante autorização por escrito dele. Os documentos permanecem na Central de Achados também por até dois meses. Após este prazo, são enviados à Agência Central dos Correios de Porto Alegre.
Investigação para localizar
Depois que o passageiro esquece no banco de trás de um táxi algum objeto, assim que ele entra em contato com a EPTC, quatro servidores do setor de Informações (118) iniciam uma verdadeira investigação para tentar localizar o táxi no qual foi extraviado o objeto. Há cerca de três meses, a EPTC decidiu fazer a intermediação entre a pessoa que perdeu e o taxista.
De acordo com o coordenador de Informações, Daltro Goulart Lara Filho, o resultado é positivo: o índice de pertences recuperados é de 80%. Por dia, são registradas, via telefone 118 ou 156 (Fala Porto Alegre), entre cinco e seis ocorrências. E aparece de tudo: roupas, bolsas, maletas, carteiras, instrumentos musicais, sacolas de supermercado e até relíquias de família.
– Há dois meses, um turista de São Paulo esqueceu a mala, uma pasta de trabalho, o celular e a carteira – conta Daltro.
Anotar o prefixo, que é a identidade do táxi, ou a placa do carro, e observar o ponto no qual o passageiro embarcou são informações relevantes, que podem aumentar as chances de o objeto perdido ser localizado. No caso do turista de São Paulo, ele tinha um recibo do pagamento da corrida, o que foi fundamental na investigação. Todos os itens que ele havia deixado no táxi foram recuperados.
– Às vezes, a investigação parece um CSI (série de tevê com temática investigativa) – diverte-se Daltro.
Itens curiosos
Um bolo de casamento é um dos itens mais curiosos esquecidos dentro de táxi na Capital (curiosidade: a dona conseguiu reaver a tempo o doce). Em um ônibus da Carris, no ano passado, foi encontrada uma mala com documentos de uma senhora de origem chinesa. Ela não falava português e foi buscar a mala no serviço de atendimento acompanhada por um brasileiro.
Os objetos mais esquecidos nos ônibus, porém, são guarda-chuvas, documentos, chaves e telefone celular. Dentaduras também são objetos frequentes. Recentemente, foi esquecida uma massa de modelar para dentaduras.