Gabriel Coelho, o menino itajaiense que lutava contra uma leucemia e mobilizou milhares de cadastros de doadores de medula óssea em Santa Catarina, morreu na manhã deste domingo, em São Paulo. Depois de um ano de espera, Biel havia conseguido um transplante de medula em julho, pouco antes de completar 14 anos. Há uma semana a família divulgou a "pega" da medula, termo que é usado para indicar que o procedimento funcionou.
A causa da morte ainda não foi divulgada. Biel será velado em Itajaí nesta segunda-feira, a partir das 6h, no Centreventos Itajaí.
Gabriel estava internado em São Paulo desde julho do ano passado, quando a doença agravou. Desde então, fez aumentar quase 20 vezes o número de candidatos a doadores de medula óssea na região e ganhou o apoio de artistas como o cake boss Buddy Valastro e jogadores de futebol como David Luiz, do Paris Saint-Germain, e Neymar, que usaram as redes sociais em uma campanha para buscar um doador compatível.
Biel era um menino saudável, apaixonado por música, baterista desde os dois anos. No final de 2014, entretanto, começou a ficar pálido e pequenas manchas apareceram pelo corpo. Em fevereiro, durante uma crise de vômito e febre, veio o diagnóstico: Gabriel tinha leucemia mieloide aguda e precisava de tratamento urgente.
A bateria e a escola, que estava prestes a começar, ficaram para trás. Gabriel foi levado de Itajaí para o Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, onde começaram as sessões de quimioterapia. O tratamento era agressivo, para enfrentar a gravidade da doença, e provocou um acidente vascular cerebral (AVC). Biel ficou cego e parcialmente paralisado _ já não podia mais caminhar e falava com dificuldade.
Ainda assim, a doença parecia estar respondendo bem à quimioterapia. Tanto, que os médicos o liberaram para passar o aniversário, no dia 10 de julho, com a família em Itajaí. Na semana seguinte começaria a última sessão do tratamento. Dessa vez, porém, a medula não reagiu.
Uma nova bateria de exames revelou que a doença havia voltado, e com força: Gabriel, agora, precisa de um transplante.
Contra o tempo
Os pais decidiram transferi-lo para o hospital do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAAC), em São Paulo. Descobriu-se que o tipo de leucemia de Biel era raro em crianças e de difícil tratamento. Os testes de compatibilidade mostraram que nenhum dos pais era o doador ideal, e Biel precisou entrar na fila do transplante, que tinha então cerca de mil cadastrados no país.
Em agosto do ano passado, o pai de Biel, Junior Coelho, disse em entrevista ao Grupo NC que apesar de todas as limitações que a doença impôs, Gabriel não reclamava de nada. No hospital, ouvia música e se mostrava preocupado com as crianças que estavam próximas dele, em tratamento.
A luta para encontrar um doador foi marcada por recaídas no hospital e uma enorme demonstração de força de vontade do garoto. Em março uma medula compatível foi localizada, mas Biel ainda não tinha condições físicas para receber o transplante.
Três meses depois, finalmente, o procedimento foi autorizado, e ocorreu no hospital paulista São Camilo. Biel ficou em coma induzido nos primeiros dias, para fortalecer o sistema respiratório, que inspirava cuidados. Uma série de complicações se seguiram, e quase um mês depois do procedimento ele continuava entubado. A boa notícia viria em breve: em 12 de agosto, a página Força Biel nas redes sociais informou que o transplante, enfim, havia funcionado.
O pequeno guerreiro, entretanto, sucumbiu na batalha final. A esperança da família era que a história de Biel sensibilizasse mais pessoas para aumentar o cadastro de doadores e, assim, ajudar outras crianças que enfrentam a mesma luta contra a leucemia. Não há dúvidas de que o pequeno Gabriel conseguiu.