Nesta semana, muitos celulares foram invadidos por imagens que colocam em xeque nossa fé na humanidade. Cabeças cortadas, corpos despedaçados e por aí vai. Jovens em uma imitação barata das selvagerias do Estado Islâmico tentam levar terror para as facções rivais. O pior é que o objetivo não é alcançado, a única coisa que conseguem é levar pavor para mães e pais dentro das comunidades. Não imaginam que estão cortando mais do que a cabeça do seu suposto inimigo, estão cortando a pouca relação que têm com o que aprenderam com seus coroas.
Ouvi um jovem envolvido em uma facção dizer que ele só picotou o corpo, que o cara já estava morto. Eu disse a ele que essa foi a desculpa dos soldados nazistas que mataram negros e judeus. Disseram lá também que só cumpriam ordens, mas, para fazermos algo, um pouco de nós precisa estar na ação, sendo assim, dizer que a culpa é de quem mandou não vale como argumento.
Crueldade
Por mais que eu defenda que as condições de vida em nossas quebradas são fábrica de dor e crime, não aceito que tentem justificar essas bestialidades com a desigualdade social. Quem faz esses absurdos, para mim, é covarde, pois está atingindo familiares indefesos como mães e avós que precisam enterrar seus familiares em pedaços.
O que me choca não é o corpo em pedaços, já vi muito acidente nos quais não soube dizer quantas pessoas estavam moídas nas ferragens. O que deprime nessas fotos é que vemos que a juventude da favela está devorando a si mesma em uma estúpida ignorância que vai ecoar neles por toda a vida.
Quem recebe essas fotos, por favor, não passe adiante, pois isso é uma corrente do mal que só serve para divulgar uma selvageria que precisa acabar. Cada vez que mandamos essas cabeças cortadas, cortamos também o coração de quem recebe e isso é crueldade também.