Representantes do Ministério Público (MP) e da Defensoria Pública visitarão nesta semana a antiga Vila Dique, na Zona Norte de Porto Alegre, para uma inspeção na obra de extensão da Avenida Severo Dullius, que passará próxima à vila e seguirá até a Sertório. O objetivo é avaliar a possibilidade de abrir a obra para a passagem dos estudantes locais em direção à Sertório.
Desde 23 de maio, quando a Infraero ergueu um muro sobre a Avenida Dique para a ampliação da pista do Aeroporto Salgado Filho e a prefeitura colocou um monte de terra sobre o restante da via para separar a extensão em obras da Avenida Severo Dullius, os alunos ampliaram em quase 20 vezes o trajeto para chegarem a duas escolas, distantes 1km e 2km da comunidade.
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Vila Dique: 300 famílias seguem morando em trecho interditado
Pelo menos 300 famílias seguem morando na área isolada da antiga Vila Dique. Antes do fechamento da avenida, crianças e adolescentes pegavam um ônibus na própria via, numa viagem que durava dez minutos até as escolas, ou seguiam caminhando ou de bicicleta, quando o trajeto levava menos de meia hora.
Pai de dois filhos em idade escolar, o reciclador Valdelir Macedo da Silva, 53 anos, viu aumentar os gastos para levar os filhos Érico, oito anos, e Alexandra, 11 anos, à Escola Estadual Ensino Fundamental Aurélio Reis, no Jardim Floresta.
– Antes do fechamento da via, eles iam a pé. Agora, tenho que levá-los de kombi. Gasto R$ 260 por mês de gasolina só para isso. Não deixo irem de ônibus porque são 20km para ir e voltar e é muito longe. Só estou tendo prejuízo – afirma.
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Famílias carentes
O caso foi mostrado pelo Diário Gaúcho no início e no final de julho. Na primeira tentativa de negociação, mediada pela defensora pública Luciana Artus Schneider, do Núcleo de Defesa Agrária e Moradia, não houve acordo entre as lideranças da comunidade, representantes da prefeitura e da Infraero.
Na sexta-feira passada, houve uma audiência mediada pela Defensoria e pelo MP, onde definiu-se que a EPTC deverá apresentar uma proposta de horários de ônibus que levem as crianças até a escola.
Luciana sustenta que o caso é grave e que, se a situação não se resolver na audiência agendada para a segunda quinzena de agosto, os mediadores deverão acionar a prefeitura na Justiça para resolver o impasse.
– São famílias carentes, sem condições de pagar quatro ônibus diários. Há, também, crianças pequenas que dependem dos pais para serem transportadas – avalia Luciana.