Com a cesta básica de Porto Alegre na segunda posição entre as mais caras do país, custando R$ 468,78 – conforme dados de julho, apresentados pelo Dieese –, a tarefa de garantir os itens básicos na alimentação das famílias está bem mais complicada. Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, de janeiro de 2010 até maio de 2016, os preços em geral subiram 55,5%, enquanto os preços dos alimentos no domicílio subiram 81,1%.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, os alimentos representam até 40% do orçamento. E o salário não tem acompanhado a evolução do preços da comida. Sendo assim, a família precisa se reunir para tomar providências.
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A orientação é, numa conversa, propor a cada membro da família que pense em algo que gostaria de fazer ou adquirir. Ter essa motivação como horizonte pode ajudar no processo de enxugamento dos gastos desnecessários – pelo menos 30% de todos os gastos são excesso de consumo.
– É uma operação de guerra, para combater o excesso e retomar as rédeas da vida financeira – observa Reinaldo.
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Pesquisa quinzenal
Antes mesmo de os efeitos da crise econômica passarem a fazer parte da rotina da família do hidráulico Alex Silva, 38 anos, realizar pesquisa de preços já era um hábito no cotidiano dele. Ele costuma pesquisar os itens a serem adquiridos no rancho mensal em dois mercados perto de casa, no Bairro Cristal. Com a prática, estima uma economia de cerca de R$ 50.
– Eu vi que o café tinha diferença de preço de R$ 1 entre os mercados pesquisados. Como compramos seis pacotes por mês, com a economia já dá para comprar 1kg de feijão. A gente perde tempo, mas vale a pena – explica Alex.
Com os alimentos em alta, guloseimas foram cortadas da lista de compras. Já produtos como leite, por exemplo, tiveram a quantidade reduzida, na intenção de diminuir a conta. A esposa, a dona de casa Cristiana Soares de Lucas, 39 anos, explica que até o preparo dos alimentos está mais consciente, no sentido de evitar o desperdício.
No lugar do salgadinho e da bolacha no lanche das crianças, ela prepara um bolo caseiro. E pratos elaborados, como lasanha preparada para o jantar especial das sextas-feiras, foram excluídos do cardápio.
– Antes, a lista era maior. Comprávamos queijo, presunto, bolacha. Hoje, levamos só o essencial. A marca que escolhemos é a "MB", a mais barata – revela Alex.
Rancho é melhor opção
Por conta da escalada nos preços dos alimentos, o Movimento Edy Mussoi de Defesa do Consumidor passou a realizar a sua pesquisa de preços quinzenal e não mais mensalmente, na tentativa de o serviço retratar a realidade.
– Há produtos em que a variação chega a 100%, 120%, entre o produto de menor e maior valor– observa o presidente Cláudio Ferreira.
Cláudio destaca que o melhor, no momento, é fazer rancho mensal – nos supermercados, há a percepção de que os consumidores estão fazendo uma compra de maior volume no início do mês e fracionando os "supérfluos" conforme a condição financeira.
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A opção de comprar em maior quantidade – uma caixa de leite, por exemplo, em vez de apenas um ou dois litros – também pode ser uma boa alternativa de economia. Em relação aos produtos que estão mais caros, como é o caso do feijão, diminuir a quantidade consumida ou deixar de comprar pode ajudar na redução do preço.
– O consumidor não sabe a importância que tem no mercado. Mas tem um poder enorme – diz Cláudio.