Velhos conhecidos da polícia e do sistema prisional, muitos com condenações pesadas pela Justiça, estão entre os principais acusados no processo que julga 62 presos pelos atentados de 2014 em Santa Catarina. A audiência de instrução e julgamento começou nesta quarta-feira no Fórum de Florianópolis, com depoimentos de testemunhas de acusação, e se estenderá até quinta-feira.
Os detentos foram alvos de inquéritos da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) e do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), a força-tarefa do Ministério Público estadual.
- Encabeçam a relação os integrantes do chamado 1° ministério da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC), que são os lideres que ordenam crimes de dentro das prisões. Desde 2013, estão em penitenciárias federais, principalmente em Mossoró, no Rio Grande do Norte, transferidos após as duas primeiras ondas de ataques a ônibus e unidades policiais.
- Entre eles estão Adílio Ferreira, o Cartucho; Evandro Sérgio Silva, o Nego Evandro e Gian Carlos Kazmirski, o Jango ou Dexter, que também respondem a processo em São José acusados de ordenar o assassinato da agente penitenciária Deise Alves, em 2012.
Outros nomes conhecidos que aparecem como réus na ação pelos atentados de 2014 são o de Leôncio Joaquim Ramos, o Pingo; René Augusto Rocha e Rodrigo de Oliveira, o Rodrigo da Pedra, este último líder do tráfico de drogas no Morro do Horácio, na Capital. Também é acusado Nelson de Lima, o Setenta, um dos fundadores do PGC. A Deic afirma que Setenta, preso na Penitenciária de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, é um dos principais traficantes de drogas do Estado, com conexões interestaduais e internacionais para o tráfico de cocaína.
Nesta quarta-feira, a Defensoria Pública afirmou que é preciso respeitar a presunção de inocência dos réus. O advogado Francisco Ferreira protestou contra a realização da audiência mesmo sem o funcionamento do aparelho de videoconferência para que os presos em penitenciárias federais pudessem acompanhar os depoimentos.
Ainda entre os 62 acusados estão também os chamados integrantes dos escalões mais baixos da facção, sintonias e disciplinas, entre homens e mulheres acusados de praticar os crimes nas ruas. Ao todo, foram mais de 110 ataques entre setembro e outubro de 2014. Naquele ano, a Justiça catarinense condenou 80 criminosos pelos atentados ocorridos entre 2012 e 2013 no Estado, cujas penas alcançaram no total mais de mil anos de prisão.