A polícia alemã não vincula o autor do atentado de sexta-feira em Munique ao grupo Estado Islâmico (EI). Não foram registradas quaisquer ligações.
O chefe da Polícia de Munique, Hubertus Andrae, disse, neste sábado, não haver razões para acreditar que o suspeito por trás do tiroteio estivesse ligado ao EI.
- O atirador tinha 18 anos, nasceu e cresceu em Munique (tinha nacionalidades alemã e iraniana) e era um aluno da escola. Uma busca foi conduzida no seu apartamento e no quarto onde ele morava. A busca não identificou nenhuma ligação ao Daesh (Estado Islâmico) - afirmou Andrae. - Não há absolutamente qualquer vínculo com o Estado Islâmico.
O policial acrescentou:
- Não há indicações de que, além do criminoso que cometeu suicídio, houvesse outras pessoas envolvidas nos acontecimentos da sexta-feira. Do nosso ponto de vista, está claro que estamos lidando com um lobo solitário.
Dez pessoas foram mortas e 27 ficaram feridas no atentado, incluindo um adolescente que sofreu ferimentos graves, disse Andrae.
As autoridades alemãs definem o homem como um rapaz desequilibrado.
- Partimos do princípio de que este caso se trata de um ato clássico de um desequilibrado sem nenhum tipo de motivação política - afirmou o representante do ministério Público, ao falar do autor do ataque.
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A polícia achou indícios de que o jovem sentia grande fascínio pelos assassinatos em massa e que juntava informações sobre pessoas desequilibradas e autoras de chacinas, como livros e artigos de jornais.
Os investigadores disseram existir um vínculo "evidente" entre este tiroteio e o assassino supremacista norueguês Anders Behring Breivik.
O tiroteio em Munique ocorreu justamente no dia em que o massacre de 77 pessoas cometido pelo radical de direita norueguês completava cinco anos.
O autor da matança, filho de um taxista, aparentemente padecia de uma forma de depressão, assinalou, por sua vez, o promotor da cidade, Thomas Steinkraus-Koch, pedindo prudência sobre as informações que indicavam que o jovem teria estado submetido a um tratamento psiquiátrico.
Em todo o país, as bandeiras ondeam a meio mastro em homenagem às vítimas, sobre as quais ainda existem poucas informações. Por ora, sabe-se que havia ao menos três kosovares, três turcos e um grego entre as vítimas, segundo as respectivas autoridades desses países.
Em sua primeira reação à chacina, a chanceler alemã Angela Merkel evocou uma "noite de horror".
- O povo de Munique passou uma noite de horror - declarou neste sábado em sua primeira reação depois do tiroteio.
E acrescentou:
- Uma noite como esta é muito difícil para todos.
O autor do tiroteio atuou sozinho e não era fichado pela polícia. Segundo a polícia, o atirador armou uma emboscada para um certo número de pessoas através do Facebook, para atraí-las para o local da matança.
A polícia havia indicado na véspera que suspeitava de um ato terrorista, mas depois se mostrou se mostrou mais prudente quanto a essa possibilidade.
Na manhã deste sábado, as forças de segurança realizaram uma revista na casa do rapaz. Uma vizinha do imóvel o definiu como "uma boa pessoa, que sorria como qualquer pessoa normal".
- Nunca o vi chateado ou soube que tivesse problemas com a polícia ou os vizinhos - afirmou à agência France Presse (AFP) Delfye Dalbi, 40 anos.
Em um vídeo amador difundido nas redes sociais na noite de sexta e autentificado pela polícia, é possível ver no telhado do shopping um homem insultando outro, vestido de negro e com uma pistola na mão.
Em resposta aos insultos do outro indivíduo, o agressor responde: "Sou alemão, nasci aqui. Em um bairro do Hartz IV", nome do auxílio desemprego recebido por muitos beneficiários. "Estava em tratamento hospitalar", disse ainda.
A matança também aconteceu quatro dias depois de um ataque com machado em um trem regional da Baviera, cometido por um solicitante de asilo afegão de 17 anos, que alegou pertencer ao Estado Islâmico.
Conforme o chefe da polícia de Munique, foram achados elementos que indicariam que o rapaz alemão-iraniano acompanhou de perto esse ataque.