A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira a terceira fase da Operação Huno, que combate o mercado clandestino de cigarros. Agentes federais cumprem cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal em três municípios gaúchos: Porto Alegre (01), Passo Fundo (01) e Santa Cruz do Sul (02).
Na fase III, o escopo é apurar delitos de gestão temerária e obtenção fraudulenta de financiamento, envolvendo dirigentes de uma instituição financeira e um empresário do Vale do Rio Pardo. Há suspeita de que tenha havido liberação indevida de recursos para as empresas administradas pelo empresário do ramo fumageiro. Somente uma das empresas implicadas teria obtido empréstimos mediante fraude em valores superiores a R$ 17 milhões.
Os documentos apreendidos serão levados para Porto Alegre para serem periciados e analisados. O inquérito está em segredo de Justiça.
Como funcionava o esquema
Os investigados utilizavam empresas de fachada e laranjas para desviar tabaco da cadeia econômico-tributária. Parte desse fumo era fornecido para fábricas no Paraguai através de exportação irregular e retornava ao Brasil como cigarro industrializado contrabandeado.
O restante seguia para fábricas clandestinas de cigarros localizadas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que, ironicamente, falsificavam marcas paraguaias para distribuição no mercado nacional.
O pagamento pelo fumo processado era realizado com o produto contrabandeado ou pirateado e em automóveis de luxo, máquinas urbanas (retroescavadeiras e moto-niveladoras) ou agrícolas (colheitadeiras e tratores). A organização criminal ainda se encarregava de revender os cigarros e os veículos na região ou mesmo fora do estado.