Suspeitos de envolvimento com tráfico de drogas, dois motoristas do serviço de transporte Uber e um funcionário do Banco Safra foram soltos neste sábado, em Porto Alegre. O trio havia sido encaminhado ao Presídio Central após ser flagrado, na noite da última sexta-feira, com 230 comprimidos de ecstasy.
Conforme a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Estado, a liberação foi definida em audiência de custódia, quando o juiz avalia a necessidade de manutenção ou não de uma prisão. Sem antecedentes criminais, eles foram liberados com a condição de não se ausentarem da comarca e de não mudarem de endereço, entre outras exigências.
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A prisão resultou de investigações iniciadas em março pela Polícia Civil, quando chegaram ao Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) queixas de venda de entorpecentes por meio de motoristas de carros de aluguel.
Identificado como Henrique Rosa, o bancário havia saído da agência onde trabalha, no bairro Moinhos de Vento, na tarde de sexta-feira, para alcançar uma caixa para Douglas Ricardo Perez e Dionatan Euler Chaves da Silva, motoristas do Uber, que o aguardavam em um Ford Ka preto.
De acordo com o delegado Guilherme Calderipe, a droga teria origem em Florianópolis e, além da venda por encomenda, também seria oferecida em uma festa rave marcada para o último final de semana na Região Metropolitana.
– Acreditamos que o preço de cada comprimido chegaria até R$ 100. O ecstasy é uma droga consumida pela classe A – afirmou Calderipe.
O delegado disse ainda que o Ka apreendido era alugado e usado para serviços do Uber, assim como um Sandero, recolhido na casa de um dos motoristas no bairro Alto Petrópolis. Nos veículos, foram recolhidos copos personalizados de festas, além de dezenas de pirulitos e garrafas de água mineral, muito consumidos em raves.
O aplicativo Uber, no entanto, não seria usado diretamente para comercialização da drogas.
– Tudo indica que os pedidos eram feitos por trocas de mensagem via celular, no WhatsApp. Os comprimidos eram entregues entre uma corrida e outra – declarou Calderipe.
No Denarc, apenas o bancário falou. Ele negou envolvimento com tráfico, alegando que um conhecido – cujo nome não revelou – teria pedido a ele para entregar a caixa aos outros dois homens, sem que ele soubesse o conteúdo da encomenda. O trio foi autuado por tráfico e associação para o tráfico de drogas. ZH não localizou os advogados dos envolvidos para comentar o caso.
Em nota oficial divulgada na tarde de sábado, o Uber informou que os dois motoristas "já foram desativados permanentemente da plataforma". Conforme a nota, eles atuavam pela empresa havia menos de 15 dias e apresentavam atestados de bons antecedentes nas esferas federal, estaduais e municipais.
A empresa destacou que "mantém uma política de tolerância zero com relação a álcool ou drogas, e se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no correr das investigações".