Nesta semana, encontrei uma amiga que não via há uns 15 anos. Ela estava com a filha de 16, uma menina linda. As duas são muito parecidas, inclusive nas roupas e na maquiagem. Depois de um tempo de conversa, vi que a filha se sentia desconfortável com a mãe. Para quem olhava de longe, pareciam irmãs, ambas com pirulito na boca e uma mecha rosa no cabelo. A mãe, volta e meia, dizia que os meninos mexiam mais com ela do que com a filha.
Em determinado momento, a menina saiu da mesa e fiquei sem jeito porque senti que pesou o clima. Isso tem rolado muito: mães que buscam se parecer com as filhas e pais que se julgam mais garotões do que os filhos. Isso é legal, pois mostra que a idade não está na data de nascimento, mas no espírito que cada um carrega. Se não for dosado, no entanto, pode tirar dos filhos algo fundamental: a referência.
Resposta
Quando nossos filhos nos olham, buscam um espelho do que podem e devem ser no futuro. Nossas ações ensinam e indicam caminhos. Porém, se nós queremos ser nossos filhos, eles, quando nos olham, vão querer ser o quê? Essa situação pode provocar uma quebra de espelho e, em pouco tempo, nossos filhos vão buscar referência em alguém de fora. Muitos pais fazem isso sem querer e muitos filhos não sabem expressar em palavras o que sentem. O resultado é que a relação se desgasta e, em pouco tempo, os filhos tratam os pais como colegas de escola. Isso porque os pais se comportam como tais.
Nossa missão é indicar os rumos de nossos filhos, mas se, ao invés disso, começarmos a seguir os rumos deles, a possibilidade de andarmos em círculos é gigante. Somos espelhos deles, e não o inverso. Podemos admirar, amar e até aprender com eles sempre, mas, na hora que o bicho pega, temos que deixar claro quem é quem na relação. A decisão é simples: queremos ser espelho ou reflexo? Cabe a cada um de nós encontrar essa resposta.