A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que foi ministra da Agricultura da presidente afastada Dilma Rousseff, fez intensa defesa da colega na Comissão Especial do Impeachment nessa terça-feira, criticando a atuação política de diversos partidos. Por fim, acusou o governo Temer de fraudar um déficit fiscal alto para usar R$ 50 bilhões para "garantir o impeachment".
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– Gostaria muito de ver, na boca de algumas pessoas por aqui, sobre a fraude dos R$ 170 bilhões, para guardar R$ 50 bilhões para garantir o impeachment. Estamos vendo uma fraude de R$ 170 bilhões, que todos os economistas no Brasil já comentam que R$ 50 bilhões foram para garantir a aprovação do impeachment – afirmou Kátia.
A senadora disse que não possui paixões partidárias e que veio falar em defesa exclusiva da pessoa de Dilma Rousseff.
– Não estou aqui defendendo PT, PCdoB, PSDB, PMDB, ninguém. Estou aqui tentando defender uma pessoa na qual acredito, que é a presidente Dilma – disse.
Kátia atacou os parlamentares de modo geral, afirmando que enquanto julgam a presidente, "escondem debaixo do tapete a corrupção dos próprios partidos". Ela defendeu que Dilma não está envolvida em corrupção.
– Quero dizer ao povo brasileiro, porque eu sei que aqui todos estão com a sua cabeça formada: a presidente Dilma não é uma corrupta. Ela é uma pessoa correta! – alegou.
Para a senadora, a corrupção no governo Dilma está enraizada e foi praticada por diferentes partidos.
– Estamos vivendo aqui uma farsa. Foi ela sozinha ou foram todos os partidos, que mamaram, sugaram esse governo durante cinco anos e, agora, estão do outro lado da mesa pedindo o impeachment da própria? Foi ela sozinha que destruiu a Petrobras, ou foram todos os partidos que estão aí nas denúncias, nas delações premiadas? – questionou.
A bronca sobrou inclusive para o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). De acordo com Kátia, o governo Dilma não conseguiu reverter resultados devido à atuação do peemedebista para impedir a aprovação de matérias do ajuste fiscal.
– Eduardo Cunha, esse escroque internacional, fez com que o Congresso Nacional e a Câmara dos Deputados não votassem as medidas para consertar o País. O ministro da Fazenda Joaquim Levy, que veio como um dos mais renomados economistas do País, ortodoxo, conservador, não deu conta de enfrentar Eduardo Cunha e sua trupe na Câmara dos Deputados – acusou.
FHC
A senadora disse ter grande admiração pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas trouxe consigo uma lista em que mostrava que os dados do governo Dilma eram superiores aos do governo do tucano.
– A dívida bruta no último ano de FHC era de R$ 76 bilhões; do Lula, R$ 53 bilhões; da Dilma, R$ 66 bilhões. O desemprego, no último ano de FHC, era de 18,5%; do Lula, 10%; da Dilma, 13,9%. Inflação: no governo Fernando Henrique era de 12,5%; no de Lula, 5,9%; no de Dilma, 10,6% - e agora, em abril, 9,28%. Que destruição é essa que dizem que Dilma fez, a maior destruição que alguém já fez na economia brasileira? – indagou.
A atitude de Kátia deixou muitos senadores surpresos. Enquanto a base de Temer tentava se desculpar com a convidada, a professora Selene Peres Nunes, assistente técnica de perícia da acusação, os aliados de Dilma parabenizaram a iniciativa da colega.
– Senadora Kátia, eu quero que a senhora saiba que vou sempre admirar a sua posição corajosa, porque você tomou uma posição que, talvez, tenha trazido prejuízos políticos, mas foi uma posição de uma pessoa de caráter – elogiou Lindbergh Farias (PT-RJ), membro da tropa de choque de Dilma.
*Estadão Conteúdo