Em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal do Paraná, esclareceu detalhes sobre a investigação do grupo virtual que planejava um atentado terrorista durante a Olimpíada, no Rio de Janeiro.
De acordo com o juiz, o pedido de prisão preventiva dos investigados foi "perfeitamente justificado" pelos indícios presentes nas postagens do grupo no Facebook, em que exaltam atos terroristas acontecidos recentemente pelo mundo. O magistrado revelou, inclusive, que alguns dos presos afirmaram ter jurado fidelidade ao Estado Islâmico (EI) pela internet.
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– Nem tudo que uma pessoa preconiza no meio virtual vai necessariamente realizar no mundo real – disse Silva. – Mas, quando você tem em sua frente pessoas, cada uma em um lugar, que mencionam que a Olimpíada está próxima, que pretendem comprar uma arma, tem duas pessoas que foram condenadas e cumprem pena por homicídio, a prisão temporária e as buscas são perfeitamente razoáveis e justificadas.
Ainda segundo o juiz, embora os envolvidos não tenham uma organização muito sólida, e os contatos sejam basicamente virtuais, cometeram o crime de integrar ou promover organização terrorista ou cometeram atos preparatórios para praticar atos terroristas.
– Não é possível afirmar que havia um alvo delimitado, mas houve conversas no sentido de que os Jogos Olímpicos estão chegando – disse. – O Brasil não integra a coalizão que combate o Estado Islâmico, e seria uma oportunidade de atentar contra as pessoas de outros países, que participam da coalizão, que estão vindo para o país.
O magistrado admite ser possível que a polícia conclua, daqui a alguns dias, que não havia nada de concreto nas ameaças e liberte os investigados.
– Ninguém foi condenado ainda, e não se está afirmando que há uma célula terrorista brasileira em plena atividade – esclareceu Silva. – As prisões e buscas tem como finalidade tentar obter elementos que produzam uma confirmação disso – observou.
Ainda segundo o juiz, a idade dos presos varia entre 20 e 40 anos, sendo que alguns são mais ativos do que outros nas publicações.
– É difícil falar em liderança na medida em que não há uma organização entre eles próxima – afirmou.
Marcos Silva também destacou que, apesar de aparentemente nenhum dos presos ter origem muçulmana, todos usavam nomes árabes nas redes sociais.
*Zero Hora