Às vésperas da Olimpíada no Rio, os atentados na Alemanha – em especial, perto do Parque Olímpico de Munique – lembram o massacre durante os jogos de 1972 e a misteriosa história sobre um terrorista que se escondeu em Porto Alegre.
A competição entrava na segunda semana, celebrando as disputas entre nações sem grandes preocupações com segurança. O ambiente de confraternização esportiva terminou na madrugada de 5 de setembro, quando oito terroristas palestinos do grupo Setembro Negro invadiram o alojamento da equipe de lutadores e de levantamento de peso de Israel.
Depois de matar duas pessoas, deixaram a Vila Olímpica com nove reféns. Os terroristas pretendiam embarcar em um avião, mas atitudes desastradas da polícia alemã resultaram em tragédia. Houve troca de tiros, explosões de bombas, e nenhum refém sobreviveu. Ao todo foram 17 mortes – seis treinadores e cinco atletas israelenses, cinco integrantes do Setembro Negro e um policial alemão.
Meses depois, entrou em marcha a Operação Ira de Deus. O Mossad, serviço secreto de Israel, foi atrás de integrantes do Setembro Negro, matando parte do grupo. O caso virou filme dirigido por Steven Spielberg. Mas o Setembro Negro revidou, ordenando a morte do coronel Yosef Alon, 43 anos. Herói de guerra, especialista em aviação, e responsável por revolucionar a esquadra aérea de Israel, Alon vivia em Washington com a mulher e a filha. Era adido militar nos Estados Unidos.
Em 1º de julho de 1973, ao voltar de um jantar, Alon foi executado a tiros por dois homens na porta de casa, diante da família. Depois de décadas, o Departamento de Estado americano descobriu que um dos matadores, usando documentos falsos, se refugiou em Porto Alegre.
Os americanos monitoraram os passos do terrorista sem avisar autoridades brasileiras e jamais revelaram o que sabiam a respeito dele. Temiam o vazamento de informações. Um plano secreto foi arquitetado para capturar o criminoso, mas nem chegou a ser executado. O homem também tinha seus contatos e, em 2006, fugiu para o Líbano. Foi viver no Vale do Bekaa, onde teria sido morto em 2010.
Essa história é contada por um ex-agente americano em livro lançado em 2011, mas omitindo muitos detalhes, mantendo o mistério sobre quem era o terrorista que viveu 33 anos entre nós.