A operação padrão realizada nesta quinta-feira por auditores da Receita Federal, que deve ser retomada na terça-feira, preocupa a indústria gaúcha. No Estado, os primeiros impactos na circulação de mercadorias foram sentidos em Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Contrariada com a recusa do governo federal de cumprir um acordo salarial, a categoria se mobilizou em portos, aeroportos e postos de fronteira, tornando a fiscalização mais rigorosa.
Os auditores prometem repetir a ação às terças e quintas. Nos outros dias da semana, farão a chamada operação meta zero, deixando de lançar créditos tributários de empresas fiscalizadas.
– Evidentemente, a arrecadação vai ser afetada – diz o presidente da Delegacia Sindical de Porto Alegre do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), Marco Aurélio Baumgarten de Azevedo.
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Segundo o Sindifisco, a categoria soma cerca de 750 pessoas no Estado. A adesão teria sido próxima de 100%, apesar da permanência no serviço de auditores que trabalham em operações como Lava-Jato, Zelotes e Custo Zero.
No Porto Seco de Uruguaiana, por onde passa grande parte do comércio entre Brasil e Argentina, cerca de 300 caminhões acabaram retidos nesta quinta-feira, formando ainda uma fila de dezenas de veículos à espera de ingressar no local. Despachantes aduaneiros confirmam "um grande impacto" no fluxo de caminhões na fronteira. Mercadorias classificadas canal verde, com liberação automática, foram redirecionadas para a conferência física.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) avalia que apenas na próxima semana será possível fazer um balanço do impacto do movimento dos auditores, mas o presidente da entidade, Heitor José Müller, adianta que é possível esperar prejuízos com atrasos em exportações, chegada de matérias-primas para fábricas e entrega mercadorias para o comércio.
– Parecia que tínhamos parado de piorar, mas esse é mais um entrave que pode afundar ainda mais a economia – avalia Müller.
A operação padrão dos auditores também causou transtornos nos aeroportos, principalmente para passageiros que desembarcaram de voos internacionais, devido à checagem mais criteriosa de bagagens. A superintendência do porto de Rio Grande informou que nenhum terminal ou operador relatou problemas.
No país, a adesão teria sido de 80% a 90%, conforme o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), Claudio Damasceno.