– Esta casa é um castelo!
É assim que Luzia Alves da Silva, 30 anos, descreve a Casa de Apoio Madre Ana, espaço destinado aos familiares e pacientes que não têm condições de pagar por hospedagem na Capital e que buscam tratamento na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. O "castelo" de Luzia é também da Dalila Silva Miranda, da Maria do Socorro Rodrigues França e de outros familiares de pacientes.
Luzia veio de Bacabal, no Maranhão. Chegou no Dia das Mães em busca de tratamento para João Gabriel, de três anos. Foram duas cirurgias no Hospital da Criança Santo Antônio, referência no tratamento de cardiopatias infantis. Mãe e filho foram os primeiros hóspedes da Casa de Apoio Madre Ana, inaugurada no dia 10 de maio. Cada quarto – a capacidade é de 30 pessoas – tem banheiro privativo. A casa tem lavanderia e oferece cinco refeições diárias.
A proximidade com o hospital é essencial na rotina de quem vem de longe. Caso de Maria do Socorro, de Patos, Paraíba. Desde que Mireia, 13 anos, passou por um transplante de rim, ela depende dessas casas de acolhimento:
– A gente sempre fica ansiosa, será que vai ter vaga? Só sabe mesmo o que é isso quem necessita.
Ela é feirante como o marido, mas parou de trabalhar para acompanhar a filha na romaria por consultórios e hospitais.
– Os hóspedes são identificados pelas equipes de enfermagem – explica Adriane Barboza, gestora da casa.
Pacientes que indicam dificuldade de retornar ao hospital pela distância de casa são encaminhados para assistentes sociais que fazem a avaliação socioeconômica.
Seguindo a tradição das irmãs franciscanas, antigas proprietárias do prédio, a casa de apoio atende aos mais carentes.
Rede de apoio
E se a Santa Casa trata males do corpo... na Madre Ana se fortalece o espírito. Quem chega recebe o abraço de Rosely Freire Rosa e Ernani Rosa, missionários que atuam no local. Os hóspedes formam uma pequena família.
Fim de tarde é hora de tomar café com o pão caseiro que acabou de sair do forno. Na sala de recreação, crianças brincam. Dalila e Luiza pintam as unhas. É quando Dalila descansa:
– Aqui, fico mais à vontade. A rotina do hospital é muito dura.
Por rotina entendase passar o dia ao lado de Sophia, a filha de cinco meses que tem uma cardiopatia congênita. Ela é do Mato Grosso, mas veio transferida do Tocantins.
– Na dor todos são iguais: não tem mãe do Norte ou Nordeste, do Sus ou convênio. Elas se conhecem no hospital e se reencontram aqui. São relações sociais que acontecem por causa da doença – comenta Adriane.
E são laços duradouros! Maria do Socorro tem uma rede de gente que conheceu em casas de apoio. Pelo WhatsApp já dava a notícia do "castelo" da Vigário José Inácio.
Ainda de madrugada, Dalila percorre as poucas quadras que a separam de Sophia. Mais tarde, Maria do Socorro e Mireia fazem o mesmo caminho. São quatro consultas e uma bateria de exames em três dias, rotina que se repete a cada dois meses.
Enquanto isso, na Madre Ana, Luzia arruma as malas. Ela volta para o calor de Bacabal depois de dois meses no frio gaúcho. Vai com o filho tratado e cheia de sonhos:
– Eu quero que ele seja uma pessoa boa, um doutor.
Quem pode?
Não há "inscrição" para hospedagem. Os pacientes em tratamento nos hospitais da Santa Casa são encaminhados pelo Serviço Social e, com base em critérios previamente estabelecidos, são encaminhados ou não para a Casa de Apoio.
Como ajudar
/// A Casa de Apoio depende de doações. Podem ser feitas em depósito bancário, via carnê ou diretamente na Santa Casa.
/// Depósito em conta: Banco Itaú, agência 5906, conta 17293-6, CNPJ: 92.815.000/0001-68
/// Carnê: contribuição de R$ 60 por mês. Solicite via e-mail projetos@santacasa.tche.br.
/// Doação direta: Tesouraria da Santa Casa (Rua Prof. Annes Dias, 295)