Cansada de procurar emprego como serviços gerais, depois de um ano desempregada, Kelly Morais, 27 anos, moradora do Morro Santana, em Porto Alegre, decidiu se reciclar para tentar uma oportunidade em outra profissão. Inscreveu-se no curso de costureiro industrial, um dos muitos oferecidos gratuitamente pela Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, que fica na Zona Norte da Capital. Entusiasmada com a oportunidade, Kelly já pensa em abrir a própria empresa e se especializar na produção de roupas femininas para tamanhos acima do número 44. Desempregados entre 25 e 50 anos, como Kelly, estão se tornando mais comuns nos cursos da Fundação, segundo a gerente administrativa dos Bancos Sociais, Lucelene Navarro.
– O mercado de trabalho está retraído e quem nos procura é porque está percebendo a necessidade de se aperfeiçoar – reforça Lucelene.
Vagas
Em meio à retração do mercado de trabalho – 35 mil postos formais com carteira assinada foram fechados em junho no Rio Grande do Sul, segundo levantamento do Dieese, Fee e FGTAS –, a alternativa pode ser buscar conhecimento enquanto é preparada a volta à ativa. De repente, em uma nova função.
O Diário Gaúcho fez um levantamento nesta semana e encontrou mais de 2 mil vagas gratuitas em cursos e oficinas destinados a qualificar a mão de obra no Estado. As oportunidades vão desde oficina de apresentação em entrevistas, oferecida pela FGTAS/Sine de Canoas, a cursos profissionalizantes.
Especialização
No caso da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, não há distinção de idade. E foi esta abertura para todas as faixas etárias que fez o gráfico aposentado e construtor civil Everton Soares, 66 anos, de Alvorada, voltar aos bancos escolares. Acostumado a virar massa nas obras, ele queria se especializar na colocação de cerâmica. Nesta semana, concluiu o curso de pedreiro revestidor. Faceiro com a chance de ganhar conhecimento, Everton iniciou no dia seguinte na Fundação o curso de marcenaria.
– Ficar de braços cruzados não vai adiantar nada. A gente precisa fazer acontecer – ensina.
Persistência
Mais do que qualificação profissional, persistência também é importante para conquistar uma vaga. Dos 20 alunos que começaram o curso de pedreiro revestidor, junto com Everton, por exemplo, apenas 15 se formaram. Especialistas no assunto alertam que não se pode desistir da oportunidade na primeira dificuldade. Há dois meses, o Colégio Dom Bosco abriu inscrições para o curso técnico gratuito em Impressão Gráfica. O número de inscritos ultrapassou a meta. O problema foi que muitos não retornaram com os documentos para a inscrição. Por isso, o curso ainda não começou.
Já a Uergs lançou o programa Melhor Idade, que está com inscrições abertas para interessados em frequentar a universidade em cursos rápidos. A única exigência é ter acima de 30 anos.
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Terceira idade
De acordo com os idealizadores, o projeto foi baseado em dados da Organização Mundial da Saúde que apontam o Brasil como sexto país com o maior número de idosos, com cerca de 35 milhões de adultos com 65 anos ou mais, até 2025. Segundo o pró-reitor de Extensão, Ernane Pfüller, o objetivo é preparar os adultos para uma “boa velhice”. São 150 vagas nos campi de Porto Alegre, Guaíba, Alegrete e Tapes.
– Espera-se que esta oportunidade cumpra com o papel de capacitar tanto os adultos de uma forma preventiva para uma boa velhice quanto os da terceira idade – diz Ernane.
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