Nem pescaria, quentão ou pipoca, o assunto durante a festa julina da Escola Municipal Hylda Vasconcellos, em Santa Maria, era outro: o casamento caipira gay.
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A iniciativa gerou uma polêmica antes da apresentação. Depois que uma notícia sobre a encenação foi publicada na internet, direção, professores e alunos receberam fortes críticas na web, e até pessoalmente. De acordo com a vice-diretora Juliana Campos, alguns pais chegaram a ir até a escola dizendo que não mandariam os filhos na festa em função do casamento.
Em função do preconceito, os alunos formaram os casais pediram para serem fotografados de costas, para não serem vítimas de novos preconceitos. Apesar disso, a encenação não foi prejudica, muito pelo contrário. Embora nervosos com a repercussão, os sete alunos do 9º ano exibiam no rosto o contentamento em trazer o tema da diversidade para mais perto da escola.
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– Ele estava extremamente animado. Nesta semana que antecedeu a apresentação, só falava disso. Não se deixou abalar pelos comentários e me disse que as pessoas não deviam levar tão a sério. Embora tenha sido uma brincadeira, sei que todos lidaram com seriedade – conta Janaína Willcker, mãe de um dos alunos que participou do casamento.
Delicada e bem-humorada, a apresentação começou com a entrada do casal e os pais dos dos noivos. Parado em frente ao celebrante – que não era um padre –, o noivo não hesitou em dizer o famoso sim, embora os seus trejeitos denunciassem outra realidade.
Já a noiva tentava trocar de assunto, pedia para ir ao banheiro, quando finalmente foi salva. A companheira dela – interpretada por uma professora, visto que a aluna que faria o papel desistiu de última hora – interrompeu a cerimônia e disse que a moça não se casaria com ninguém a não ser com ela. Neste momento, abraçadas, as duas saem de cena.
O noivo se vê abandonado. Mas, em seguida, uma testemunha pergunta: "E agora, não vai ter mais casamento?". Ledo engano. O celebrante arranca o uniforme e confessa que nunca foi padre mesmo e que gostaria de se casar com o noivo. Por fim, os dois casais vão embora felizes, deixando a mensagem: diga não à homofobia.
– Foi importante porque se manteve o respeito à família e, principalmente às crianças. Além disso, foi uma atividade de conscientização, que é sempre necessária – declarou o agricultor Telmo Brunkhorst.
Após o casamento caipira gay, que aconteceu por volta das 16h30min deste sábado, no pátio da escola, que fica no bairro Campestre do Menino Deus, o evento seguiu com quentão, pescaria e tudo mais que uma festa junina (ou julina) tem direito. Mas o assunto principal continuava o mesmo: como é bom poder falar (e encenar) sobre a diversidade.