Correção: diferentemente do informado nesta matéria das 8h55min de 08/06/2016 às 18h31min de 09/06/2016, a Operação Belo Monte não tem entre seus alvos um funcionário da Câmara de Vereadores de Sapiranga. A informação errada, divulgada pela Polícia Federal, foi corrigida.
A Polícia Federal (PF) estima prejuízo de R$ 17 milhões contra a Previdência e contra o seguro-desemprego no Rio Grande do Sul. Na manhã desta quarta-feira, os agentes deflagraram a chamada Operação Belo Monte em dez cidades gaúchas para desarticular uma quadrilha que fraudou 3,5 mil vínculos empregatícios para obter de benefícios irregularmente.
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No entanto, o prejuízo aos cofres públicos pode ser ainda maior porque foi apurado o envolvimento de apenas 55 de 100 empresas envolvidas. O grupo aliciava inclusive usuários de drogas para fornecer documentos para o esquema criminoso.
A delegada Ilienara Karas diz que foram contabilizados valores de R$ 1,6 milhão contra a Previdência (equivalente a apenas dez empresas investigadas), mas, com a ação desta quarta, foram evitados que mais R$ 5,5 milhões fossem fraudados. Já em relação ao seguro-desemprego, foram pagos ilegalmente mais de R$ 15 milhões para os golpistas.
Ao todo, sete pessoas foram presas e houve 12 conduções coercitivas, incluindo a do ex-prefeito de Xangri-lá Celso Bassani. A reportagem tenta contato com o político para fazer o contraponto.
Também foram cumpridos 26 mandados de busca, quatro ordens de proibição de frequência ao Sine e duas ordens de suspensão do exercício de contabilidade.
Entre os envolvidos, há quatro contadores - dois deles presos – e quatro agentes do Sine (de Charqueadas, Capela de Santana, Xangri-lá e Nova Hartz). A maioria dos benefícios irregulares foi concedida por agências de Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapiranga. Já as prisões ocorreram em Sapiranga (4), Novo Hamburgo, Campo Bom e Nova Hartz.
Fraude
Os aliciadores recrutavam pessoas que cediam carteiras de trabalho e o chamado cartão cidadão. Depois, contadores inseriam contratos de trabalho retroativos (em geral por um ano) para os aliciados nas empresas que estão sendo investigadas, a maioria inativa.
A rescisão era feita rapidamente e o seguro-desemprego solicitado. A quadrilha ainda fazia depois o recolhimento do Fundo de Garantia, sacado logo após a rescisão.
Os mandados judiciais foram cumpridos, a maioria, no Vale do Sinos: Novo Hamburgo, Sapiranga, São Leopoldo, Campo Bom, Nova Hartz e Portão. Além de Capela de Santana, Parobé, Charqueadas e Xangri-lá.
Os levantamentos que deram origem à investigação de sete meses são oriundos de outra ação realizada no Vale do Sinos, a chamada "Operação Canudos", quando um casal foi preso por tráfico de drogas.