O que garantiu ao ser humano ser a espécie que dominou a Terra foi a sua capacidade de se adaptar, desde os caras que vivem nas geleiras até os beduínos no deserto. Todos são seres humanos que, quando não conseguiam mudar a realidade à sua volta, se adaptavam e seguiam em frente. Nós também somos assim. Ao entramos em um carro com um cheiro horrível, reclamamos, mas, em pouco tempo, parece que nosso nariz se acostuma. Porém, precisamos lutar contra esse sentimento de adaptação.
Quando vi na capa do Diário Gaúcho de sexta-feira que cinco pessoas da mesma família foram mortas, entre elas um bebê que, provavelmente, foi sufocado pelo peso do corpo da mãe, que se atirou sobre ele para que não levasse tiros, senti um arrepio na espinha e um sentimento de nojo.
Quem fez isso está abaixo de qualquer observação que façamos aqui. A nossa luta é para que essas barbaridades não caiam na armadilha da adaptação social.
Indiferença
Pior do que este fato é chegarmos à conclusão de que as coisas são assim mesmo, que não têm mais jeito. Nosso instinto precisa ser contrariado, pois nossa acomodação vai nos levar à extinção. A maneira como lidamos com isso ensina aos nossos filhos como devem encarar e lidar com os absurdos do mundo.
Não é vergonha chorar pela família que morreu, mesmo sem conhecê-la. Uma família foi executada e isso é vergonha para uma espécie que se considera a mais evoluída do planeta.
Quem perde a capacidade de se indignar perde também a capacidade de mudar o mundo à sua volta. Não deixe para se chocar com os absurdos quando eles baterem na sua porta, pois, nessa hora, seu vizinho também será indiferente até que chegue a vez dele.