Passava um pouco das 2h15min deste domingo quando um jovem de 23 anos invadiu uma casa no bairro Camobi, e, armado com revólver, ameaçou uma aposentada de 59. Em uma ação rápida, o genro da mulher, um policial rodoviário federal, 34, que também mora na residência, baleou o invasor, que morreu no local.
Em entrevista concedida ao Diário 12 horas depois do fato, o policial relatou como foi a ação do bandido e a reação dele.
Segundo o relato do policial, o jovem teria entrado pela frente do pátio, após pular o muro, e forçado uma das janelas da área de serviço, invadindo a casa. A sogra dele estava acordada utilizando o tablet no quarto dela, que fica no segundo andar da casa, quando foi surpreendida pelo jovem, que a ameaçou com um revólver.
A filha dela, mulher do agente, ouviu barulho e, ao sair do quarto para ver o que era, avistou o homem subindo a escada e entrando no quarto da mãe. Ao ser avisado pela mulher sobre a presença do estranho, o policial pegou a arma, foi ao local e, conforme ele mesmo relatou, ordenou ao invasor que largasse a arma.
O jovem não teria obedecido, teria feito a mulher de escudo e teria apontado o revólver contra o policial, que atirou, primeiro uma e, depois, duas vezes. Os tiros acertaram o tórax e a cabeça de Henri Souza Flores. O jovem morreu no local. Este é o 24º homicídio registrado este ano em Santa Maria.
– Nunca achamos que vai acontecer conosco, mas, graças a Deus, usei meu conhecimento, minha técnica e minha tranquilidade. Foi tudo muito rápido – disse o agente.
O policial acionou a Brigada Militar e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O Instituto-Geral de Perícias (IGP) fez o levantamento no local. As armas do jovem – um revólver calibre 38 – e do agente – uma pistola calibre .40 – foram apreendidas. O revólver constava como furtado em Restinga Seca.
O invasor cumpria pena no regime aberto no Instituto Penal de Santa Maria por furto e roubo e usava uma tornozeleira eletrônica. De acordo com a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), ele era considerado evadido do sistema prisional porque descumpriu as determinações que permitiram o uso da tornozeleira, que é ficar em determinado perímetro e cumprir horário. Além disso, havia recente mandado de prisão por roubo pedido pelo delegado da 4ª Delegacia de Polícia, Firmino de Freitas Neto, contra Flores, e que aguardava resposta da Justiça.
O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios e Desaparecidos de Santa Maria. Conforme o delegado Gabriel Zanella, a investigação vai ouvir testemunhas, aguardar a perícia e o inquérito deve ser concluído sem indiciamento.
– Vamos apurar melhor, mas não houve crime porque foi legítima defesa. Houve uma tentativa de roubo e de estupro, mas o autor está morto. Em tese, será concluído sem indiciamento – disse o delegado.
Apesar de constar na ocorrência que a sogra do policial sofreu tentativa de estupro, o policial não confirma essa informação.