Por muitos anos conhecida pelos gaúchos como a empresa com maior tarifa no Estado, a RGE não ocupa mais essa posição. O presidente da CPFL, Wilson Ferreira Jr., procurou tranquilizar os clientes da AES Sul afirmando que não deve haver aumento de tarifa com a concentração de mercado. Conforme dados da agência reguladora do setor, a Aneel, de fato a RGE tem, nesse momento, o preço mais baixo para consumidores residenciais. Cada cem quilowatts hora custam, na CEEE e na AES Sul, R$ 48, enquanto na RGE saem por R$ 45. E, no próximo dia 19, entra em vigor uma redução de 7% para o mesmo tipo de consumo, determinada pela Aneel como parte do reajuste anual de tarifas.
– A escala vai permitir mais produtividade – afirmou o executivo.
Uma das promessas da CPFL é elevar os investimentos na área de concessão da companhia adquirida. Esse é um ponto de atenção, porque, na hora de definir o valor da tarifa, a agência reguladora costuma "remunerar o investimento", isto é, compensar com reajustes mais elevados as concessionárias que aplicam maior quantidade de recursos no sistema.
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Outra expectativa é em relação à qualidade do serviço. A duração de interrupção de energia, um dos indicadores mais importantes para os consumidores, foi de 69 horas na AES Sul nos últimos 11 meses terminados em abril, enquanto na RGE se limitou a 23,5 horas. Ferreira Jr., que começou sua atuação no setor no Rio Grande do Sul, está se despedindo do comando da CPFL no dia 1º de julho. Será sucedido por André Dorf.
– Estou satisfeito em fechar esse ciclo na companhia com mais essa transação, que vai criar valor para todos – disse Ferreira Jr.
DE UMA PARA TRÊS, PARA DUAS...
O histórico recente da divisão da distribuição de energia no Estado
21 de outubro de 1997 - Em leilão, o governo gaúcho, controlador da CEEE, vende cerca de dois terços da área de distribuição da empresa. A distribuidora então chamada Norte-Nordeste é comprada pelo consórcio formado pela distribuidora de energia americana Community Energy Alternatives, pela VBC Energia (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa) e pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ). A Centro-Oeste é adquirida pela americana AES Corporation. Mais tarde, as empresas assumem os nomes Rio Grande Energia (RGE, no Norte e Nordeste) e AES Sul (Centro-Oeste).
5 de novembro de 1997 - É realizada a privatização da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). A companhia foi arrematada pelo consórcio integrado por VBC Energia (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa), Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) e Fundação Cesp.
2002 - Com intuito de obter uma gestão mais eficiente e sinergia entre as empresas do grupo, é criada a holding CPFL Energia.
2008 - A RGE muda sua sede de Porto Alegre para Caxias do Sul.
16 de junho de 2016 - A CPFL, controladora da RGE, anuncia a compra da AES Sul, por quase R$ 1,7 bilhão, concentrando cerca de dois terços do mercado de distribuição de energia no Rio Grande do Sul e manifestando interesse em "voltar a unificar" o segmento de distribuição.