No acordo de delação premiada, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró aceitou que irá devolver aos cofres públicos cerca de R$ 18 milhões por sua participação no esquema de corrupção da Petrobras. Com isso, ele deixará a prisão no próximo dia 24 de junho.
Como já está preso desde janeiro de 2015, deverá totalizar um ano, cinco meses e nove dias em regime fechado na carceragem da Polícia Federal. Depois, continuará a cumprir pena em casa, usando tornozeleira eletrônica. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
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O acordo com a Procuradoria-Geral da República (PFGR) e que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no final do ano passado, também define que a pena máxima a que Cerveró poderá ser condenado é de 25 anos.
O ex-diretor fechou o acordo depois que foi descoberta uma trama com a participação do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) para evitar que Cerveró falasse. A PGR ofereceu denúncia ao STF acusando, além de Delcídio, o ex-presidente Lula, o banqueiro André Esteves, e o pecuarista José Carlos Bumlai, entre outros, por tentativa de obstrução à Justiça. Todos negam ligação com a tentativa de compra do silêncio de Cerveró.
Na delação, Cerveró afirmou que Dilma acompanhava de "perto os assuntos referentes" à Petrobras, frequentando constantemente a empresa, e que "conhecia com detalhes os negócios" da estatal. Na opinião dele, ela saberia dos desvios. Sobre Pasadena, Dilma já afirmou anteriormente que aprovou o negócio porque não sabia da existência de duas cláusulas que causaram prejuízo.
Cerveró atestou ainda que ouviu de seu advogado que Delcídio Amaral teria lhe dito que Dilma agiria para tirá-lo da prisão assim como o ex-diretor da estatal Renato Duque. Segundo o delator, Delcídio relatou que Dilma teria dito que “cuidaria dos meninos”.
O ex-diretor disse ainda que, em 2012, Renan Calheiros reclamou da falta de propina. Na ocasião, o presidente da Casa era José Sarney (PMDB-
AP). As informações sobre peemedebista estão no Termo de Colaboração 28 de Cerveró que tem como tema negociações de propina na BR Distribuidora.
Outras acusações
– Dentre as irregularidades que presenciou na Petrobras durante o governo FHC (1994-2002), Nestor Cerveró disse que está a contratação de uma empresa do filho do ex-presidente, Paulo Henrique Cardoso, "por orientação do então presidente da Petrobras Philipe Reichstul, por volta de 2000”. A PRS Energia, pertencente ao filho do tucano, acabou se associando à Petrobras naquele período para gerir a Termorio, maior termoelétrica a gás do Brasil. FHC e o filho não foram encontrados para comentar as acusações.
– O delator também acusou o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) de receber entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões da UTC para que a empresa construísse as bases de distribuição de combustíveis da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Segundo o delator, a empresa ganhou todas as licitações da BR desde que ele assumiu sua diretoria, em 2008.
– Ainda segundo delação de Cerveró, em certa ocasião a então presidente da Petrobras, Graça Foster, lhe teria dito que estava ali “para defender a Dilma”.