Que uma família não vive em um mar de rosas, quase ninguém discorda. As mais variadas pendências dificultam a convivência. Um desses entraves na relação do casal pode ser provocado pelo dinheiro, pela forma de gastá-lo ou pela falta dele. Imagine em época de crise financeira?
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Especialistas dão dicas e orientam os casais a entender melhor o próprio orçamento, apostar no diálogo e no planejamento para evitar que a crise financeira atrapalhe o seu relacionamento.
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Conforme uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil, o dinheiro aparece no topo do ranking dos motivos de brigas de casais. Conforme o levantamento, a forma de gastar o dinheiro aparece na primeira posição e corresponde a 37,5% das brigas. Já a falta do recurso está em segundo lugar, com 31,5%.
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Nesta quinta-feira, o Diário conversou com 15 casais no Calçadão de Santa Maria. A maioria negou que brigue. Porém, entre os que assumiram, a forma de gastar é o que mais causa atrito.
O casal Marcio Pedroso, 40 anos e Marieli da Rosa, 22 trabalha junto e, segundo Pedroso, quando as contas “apertam”, as discussões são mais recorrentes:
– Nos últimos tempos, a briga começa no início do mês e dura até conseguir quitar todas as dívidas. Sou mais tranquilo, quero ir pagando aos poucos. Ela é mais explosiva, quer resolver tudo na hora. Daí, acabamos brigando.
Já na residência da dona de casa Rosane Aronis, 46, o principal motivo das brigas é a forma de gastar dela e do marido. Entre os casais que afirmaram não enfrentar discussões financeiras, a maioria está unida há mais tempo.
– As coisas estão bem difíceis, Então,lá em casa, tudo é 100% discutível e planejado. Sentamos para conversar sobre tudo, nenhum sai agindo por conta própria – conta o motorista Henrique Xavier, 29, casado há oito anos.
Brigas por dinheiro
"Já brigamos bastante por conta do dinheiro, principalmente quando as contas apertam. Têm meses em que recebemos parcelado em que trabalhamos, daí, as contas vão atrasando. Eu sou mais tranquilo, quero ir pagando aos poucos, e ela é mais explosiva, quer resolver tudo na hora, daí, acabamos brigando".
Marcio Pedroso, 40 anos, cozinheiro, e Marieli da Rosa, 22 anos, atendente
"A forma de gastar dos dois é motivo de briga. Se eu compro roupas, muitas vezes ele critica, porque depois diz que vai faltar em outras coisas. Mas, ele gasta com bebidas, daí ele se aperta e vem depender de mim. O meu dinheiro é para as despesas da casa, as minhas e dos filhos e o dele é para pagar algumas contas, e o resto é para ele. Já ficamos sem nos falar algumas vezes por causa das brigas, mas, depois, acabamos sentando, conversando e resolvendo".
Naiara da Costa Machado, 31 anos, pizzaiola
"A maneira de gastar dos dois é motivo de briga constante. Eu gosto muito de comprar jogos e suplementos de musculação, e ela acha que são gastos desnecessários. Já ela gasta com roupas e, às vezes, com produtos de beleza muito caros, que eu acho que não precisava. Nenhum deixa de comprar, só que daí, por esse comportamento, às vezes, falta dinheiro para fazermos programas juntos".
Paulo Eduardo Bortolotto, 23 anos, estudante e Raiana Oliveira, 15 anos, estudante
"É a forma de gastar, o principal problema. A gente sempre tenta fazer um planejamento, paga as despesas do mês, e o atrito que dá é com o dinheiro que sobra. Porque um acaba achando que o outro acaba gastando com o que não é necessário ou com o que não é prioridade. Eu, às vezes, compro bobagens para o nosso filho, e ele acha que eu faço muita vontade. Já ele gasta com cigarros, aí, eu é que não gosto. O jeito é conversar para não virar só briga".
Rosane Aronis, 46 anos, do lar
"Já brigamos, principalmente pela falta de dinheiro. Como meu companheiro está desempregado no momento, o dinheiro não chega, e eu acabo cobrando dele, que se sente mal por isso, e acontecem as brigas".
Maria Sabrina da Silva Fernandes, 27 anos, servente de limpeza
Atenção, casal: planejar é preciso
Segundo o economista Alexandre Reis, coordenador da Clínica de Finanças da Unifra, a relação com o dinheiro e os gastos das famílias podem ser percebidas por dois lados diferentes: pode ser motivo de brigas constantes e, por outro lado, pode aproximar o casal. O segredo, segundo ele, é que os casais tenham um diálogo aberto sobre o orçamento familiar, tenham ciência do que ganham e gastam e, acima de tudo, devem fazer um planejamento financeiro:
– O planejamento financeiro não pode ser um tabu nas famílias. O planejamento de quantos filhos se quer ter, se quer carro ou moto, se vai investir em uma formação profissional, tudo isso deve ser levado em conta entre o casal. A questão de admitir o erro no planejamento financeiro também é algo muito importante e é muito cultural.
E o professor vai além:
– A sociedade não admite que se erre no quesito de administrar o dinheiro. E, às vezes, as pessoas brigam por outros motivos sem se darem por conta que têm haver com o dinheiro.
Ainda de acordo com o economista, abrir mão de supérfluos é importante para evitar atritos desnecessários:
– As pessoas têm perfis psicológicos diferentes. Isso afeta o comportamento e o consumo. Em uma relação, não se pode mais ser individualizado, tem de ser coletivo. Os gastos têm que ser discutidos, os dois terão que abrir mão de certas coisas para que o convívio seja positivo também do ponto de vista financeiro.
Cinco dicas valiosas
Reuniões periódicas sobre dinheiro – Marque uma data para que o casal converse sobre dinheiro. Dessa maneira, além de manter as finanças organizadas, os dois conseguem planejar como o dinheiro vai ser gasto a curto, médio e longo prazo
Estabeleça sonhos – Para definir qual a quantia que vai ser economizada, é preciso definir, no mínimo, três sonhos: os de curto prazo (de um ano), o de médio (de um a 10 anos) e o de longo prazo (acima de 10 anos)
Parceria – Se um dos parceiros cometeu algum erro em relação ao dinheiro, o melhor caminho é acalmar os ânimos antes de sentar para conversar sobre o assunto e reorganizar as contas
Padrão de vida definido a dois – Outro ponto de divergência entre os casais é o padrão de vida que o casal vai levar junto. A partir de um diagnóstico financeiro feito a dois, o casal deve ajustar o padrão
Sobre os filhos – Caso o casal já tenha filhos, é preciso conversar como será a educação deles em relação ao dinheiro. Isso evita que um dos dois desautorize o outro e acabe prejudicando a educação financeira da criança
*Dicas do educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), neste site.
Para baixar no celular
GUIA BOLSO
Em parceria com alguns bancos, o app se conecta à conta corrente para ajudar a organizar os gastos. Ele produz gráficos que mostram para onde está indo o dinheiro, e ainda emite alertas quando são extrapoladas as metas traçadas
CALCULADORA DO CIDADÃO
O app do Banco Central ajuda a calcular os juros de um financiamento ou empréstimo e a prever o rendimento de um determinado investimento em renda fixa. Também projeta o impacto da taxa do cartão para quem parcela a fatura
BUSCAPÉ
O site e o app comparam preços de um mesmo produto em diferentes lojas. Os usuários podem avaliar o prazo e o atendimento das lojas