Seis anos depois da apresentação do projeto de um centro popular de compras no Bairro Restinga – as primeiras discussões surgiram há quase duas décadas –, para acomodar os ambulantes que atuam nas ruas do bairro, o Camelódromo abre suas portas ao público hoje, a partir das 8h, na esquina da Estrada João Antônio da Silveira com a Avenida Economista Nilo Wulff. A inauguração oficial, quando o prefeito José Fortunati entregará os alvarás aos comerciantes, está marcada para a próxima quarta-feira, às 15h.
– Eles deixam a situação de camelôs, de vendedores ambulantes, de rua, para se tornarem comerciantes estabelecidos num centro popular de compras – observa o titular da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio (Smic), Antonio Kleber de Paula.
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Foram diversas as modificações desde a concepção do primeiro projeto, apresentado aos ambulantes no fim de março de 2010. Antonio Kleber reconhece que o primeiro projeto "foi mal concebido" e "houve equívocos na execução", o que custou R$ 600 mil aos cofres públicos, e foi considerado inviável. Falta de acessibilidade e de proteção contra vento e chuva foram alguns dos problemas apontados.
O empreendimento que será inaugurado tem área total de 750m² e foi construído como medida compensatória pela Multiplan. O custo foi de R$ 2,5 milhões.
– A expectativa dos comerciantes é boa, o pessoal está feliz, confiante que vai dar tudo certo – comenta o presidente da Associação dos Comerciantes do Camelódromo da Restinga, Osvaldo da Silva Prates Júnior.
Da promessa inicial, algumas características, porém, foram mantidas: não há pagamento de aluguel pelas bancas e a gestão do centro de compras está a cargo da associação dos comerciantes. Um sorteio definiu a ocupação dos espaços.
Expectativa de boas vendas
Na véspera da abertura, enquanto vários comerciantes arrumavam os últimos detalhes dos boxes para hoje estarem prontos a receber a clientela, na Rua Tenente Arizoly Fagundes estavam sendo desmanchadas as bancas do antigo camelódromo. No local, a Smam fará a revitalização e será instalada uma praça.
Feirante há 24 anos na Tenente Arizoly Fagundes, José Pinto, 50 anos, estava organizando os expositores de frutas e verduras e pretendia ir à Ceasa para abastecer os estoques. Ele investiu R$ 1,2 mil nas prateleiras de madeira.
– Aqui tem mais movimento, mais fluxo de pessoas, então vai ser melhor. Também vamos ter segurança – disse.
Enoema Nunes, 66 anos, contou ter ficado emocionada com a demolição das bancas.
– Paguei a formatura dos meus filhos trabalhando naquela banca – contou Enoema, que atou por 25 anos no endereço.
Em relação ao novo local de trabalho, está confiante:
– Acho que vamos ter mais movimento. Estamos torcendo que a mudança seja para melhor.
Manutenção por conta dos comerciantes
Os comerciantes se organizaram e contrataram uma empresa que fez o revestimento das bancas em MDF, colocaram forro PVC e fizeram piso. O investimento foi de R$ 800 por box.
Em relação à manutenção, Osvaldo explica que ficará por conta dos comerciantes as despesas com limpeza, segurança, água e luz. Não será pago aluguel à Smic. A secretaria, por sua vez, acompanhará os primeiros movimentos de público e os valores comercializados.
– Mesmo com a crise, será melhor. O pessoal pode vir gastar porque amanhã (hoje) vai estar aberto – promete o comerciante Rafael Terra, 33 anos.
O camelódromo
O atendimento será de segunda a segunda-feira. De segunda a sábado, o centro popular de compras estará aberto das 8h às 20h. Nos domingos e feriados, das 8h às 13h.
O shopping popular conta com 52 bancas, 44 para atividades diversas, uma para hortifrutigranjeiros, seis para a praça de alimentação, uma para a administração, onde vai funcionar a associação dos comerciantes populares. Quatro bancas ainda não foram ocupadas.
Cada banca tem 5 metros quadrados (2 metros de de largura por 2,5 metros de comprimento).
Além dos banheiros masculino, feminino e para cadeirante, há vestiário destinado aos comerciantes.
Há nove vagas para estacionamento dos lojistas.
Há dez vagas no bicicletário.
Foi instalada sinalização horizontal no entorno e colocados gradis. Os comerciantes aguardam pela iluminação na praça próxima ao empreendimento.
O Camelódromo tem segurança 24 horas e serviço de limpeza de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h e sábado das 8h às 13h.