Dois dias após a agressão contra um aluno que ocupava a escola Apolinário Alves dos Santos, em Caxias do Sul, outras duas adolescentes teriam sido atingidas durante discussão na manhã desta quarta-feira. Desta vez, o incidente ocorreu no colégio Emílio Meyer. Um policial militar foi acusado de machucar uma jovem com uma serra que utilizava para cortar a corrente que trancava o portão de acesso. A segunda estudante afirmou que foi empurrada por um colega. Elas registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil.
A confusão começou quando os alunos do turno da manhã depararam com o portão lacrado, por volta das 7h. Até então, a ocupação não impedia o acesso de ninguém. Indignados, eles se aglomeraram em frente à entrada principal do Emílio Meyer e começaram a gritar "queremos aula!" Um PM residente no colégio pegou, então, uma serra para quebrar a corrente e liberar o portão, e foi insultado.
Leia mais:
Com barra de ferro e corrente, homem agride aluno de escola ocupada
"Não tem explicação o que ele fez", diz aluno agredido em Caxias
"Não sou um monstro", rebate homem que agrediu aluno de escola ocupada
Em meio à confusão, uma jovem abraçou a grade e, conforme a polícia, teria sido atingida em uma das mãos pela serra. Ela fez exame de corpo de delito, que vai apontar se realmente houve lesão. O policial negou a agressão e também procurou a delegacia para queixar-se de cárcere privado, já que não estaria podendo acessar o local onde vive dentro da escola. O Pioneiro entrou em contato com a vítima, que não quis se manifestar. O policial militar não foi localizado.
– Esse PM se declarou como responsável pelo patrimônio do colégio, só que em nenhum momento o patrimônio foi ameaçado. Ele não devia estar ali. A menina está com a mão inchada e arranhada – afirma a mãe dela, Ana Camargo.
A diretora do Emílio Meyer, porém, tem outra versão. De acordo com Cristiane Silva, os adolescentes estragaram pelo menos duas fechaduras da escola e cortaram os fios do portão eletrônico:
– Não sei onde vai terminar isso. Temos cerca de 30 estudantes parados e todo o restante, mais de mil, pedindo aulas. Eles estão ficando brabos.
Encontro na UCS pode determinar fim das ocupações
A presidente do Conselho de Pais e Mestres (CPM) do Emílio Meyer, Ana Cristina Costa Gonçalves, diz que os jovens quebraram um pacto feito antes da ocupação de não barrar o ingresso de colegas e docentes contrários ao movimento:
– Estão criando tumulto. Colocar cadeados é uma ação agressiva. Esperávamos que o diálogo tivesse se mantido bom. A grande maioria dos pais nos apoia e quer ver os filhos estudando.
Para tentar evitar episódios como o desta quarta-feira e o que envolveu Gilberto Freitas Couto, 30 anos – que atacou com uma corrente Paulo Henrique Darabas Bitencourt, 17 anos, no pátio do Apolinário Alves dos Santos (veja no vídeo abaixo)–, professores, diretores e estudantes vão se reunir na próxima quinta-feira, na Universidade de Caxias do Sul. O encontro terá a presença também de um representante do governo do Estado e do Ministério Público.
O objetivo é desobstruir os acampamentos montados pelos alunos na Cavalheiro Aristides Germani, Cristóvão de Mendoza e Escola Estadual Técnica (EETCS), além da Apolinário e Emílio Meyer. Até agora, não foi cogitado o uso da força policial.