O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR), disse, na manhã desta terça-feira, que preferia não acreditar que houve os pedidos de prisão dos peemedebistas, conforme noticiado pela imprensa. Segundo ele, as gravações a que teve acesso não implicam em nenhuma tentativa de barrar a Operação Lava Jato.
– Quem vai decidir é o STF (Supremo Tribunal Federal), quero ver o fundamento do pedido, mas pelo que saiu na imprensa, nada justifica medida tão drástica e espero que o STF não determine uma medida como esta – afirmou.
Kakay deu entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta terça. Ouça:
O advogado também classificou o atual momento de "dramático", destacando que as opiniões emitidas sobre a Operação Lava-Jato podem ser interpretadas como tentativa de obstrução da operação policial:
– Dois homens divergirem sobre a Lava-Jato não é crime. Eu mesmo sou crítico dos excessos dessa operação e repito, não vi nessas conversas (de seus clientes) qualquer tentativa de interferência. Hoje tudo passou a ser tentativa de interferência.
E continuou com as críticas:
– Depois da Lava-Jato, prisão preventiva virou regra. Essa banalização da prisão me assusta, enquanto advogado e enquanto cidadão.
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Kakay falou, ainda, da conversa que teve, nesta terça pela manhã, com Jucá e Sarney.
– Eles estão perplexos, mas confiantes de que talvez não seja sequer verdade isso. É claro que tem a perplexidade porque, imagina uma gravação daquelas, sobre as conversas que vazaram, não justificaria nunca uma tentativa de obstrução – ressaltou.
Para o advogado, a delação premiada é um instituto importante para se combater o crime organizado, contudo, ele avalia que este instrumento está sendo "desvirtuado" na atual conjuntura.
– A palavra do delator passa a ser vista como verdade – disse, numa referência às gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que dão conta de que distribuiu R$ 70 milhões em propina para Renan, Jucá e Sarney.
– Todos os meus clientes negaram peremptoriamente esses recursos e dizem que não sabem do tal fundo gerido pelo filho do Sérgio Machado (Expedito, responsável pela gestão de um fundo que seria abastecido com dinheiro de propina em Londres – acrescentou.