Quando chega o verão, vem a vontade de sair. Somos atraídos para os espaços abertos. Nós, que vivemos em locais onde o inverno é frio e urbano, buscamos o ar livre do jeito que podemos, quer seja uma varanda ou uma praia, um parque na cidade ou um estádio esportivo, um café na cobertura ou com mesas na calçada.
Pegue sua bermuda, ponha seus óculos escuros, sinta a grama ou a areia com os pés descalços. Só mais uma coisa é necessária para o relaxamento total: cerveja.
Isso não quer dizer que cerveja é melhor para se beber ao ar livre do que o vinho. O rosé, por exemplo, parece ter sido inventado para ser consumido sob o sol brilhante, mas, às vezes, certas condições simplesmente clamam por uma cerveja. O estádio é território dela, assim como a praia.
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Eu normalmente busco a moderação, mas um fim de semana do verão parece a ocasião certa para apreciar a cerveja praticamente o dia todo, embora não necessariamente de modo ininterrupto. Escolha seu momento.
Eu? Gosto de começar cedo, digamos dez e meia, onze da manhã. A cerveja matutina pode parecer um excesso, mas permita-me citar a tradição bávara do brotzeit, que significa "a hora do pão", ou o segundo café da manhã. Esse estimulante matinal pode incluir um pouco de pão e queijo, ou de preferência um pretzel fresco, salame, talvez alguns rabanetes e uma cerveja de trigo. No fim de semana, faça disso um tipo de despertador.
Em Oakland, na Califórnia, onde uma cervejaria encantadora que de fato se chama Brotzeit tem vista para a marina, começava meu dia com uma hefeweizen Konig Ludwig, o principal estilo bávaro da cerveja de trigo, um ouro turvo no copo com aromas de cravo, fermento fresco e malte doce. Ou, como alternativa, posso beber uma Andechs dunkelweizen, cerveja de trigo escura com aroma de banana madura e um toque de chocolate.
Além de sua expressividade, essas cervejas compartilham uma característica necessária para se beber ao ar livre, especialmente se o plano for passar muito tempo assim: elas têm teor alcoólico relativamente baixo, 5,5 por cento para a hefeweizen e cinco por cento para a dunkelweizen.
Sim, dá para encontrar um momento apropriado para uma barley wine e uma imperial stout. Essas cervejas poderosas, que podem chegar a mais de 10 por cento de álcool, caem melhor no inverno, na frente do fogo. Nem tanto ao sol, onde o prazer está no consumo, não nos gostos delicados.
Meus estilos de cerveja favoritos tendem a ter menos álcool, abaixo dos seis por cento. No clima quente, devem ser revigorantes, com sabor e aroma suficientes para capturar e prender a atenção ao mesmo tempo em que refrescam a boca e convidam ao próximo gole.
Poucas cervejas se encaixam melhor nesse critério que a pilsen, com seu amargo brilhante que desperta a atenção do paladar e com seu retrogosto refrescante e seco. É uma cerveja ótima para a hora do almoço e, como insisto há anos, a cerveja perfeita para se tomar no estádio, especialmente para um jogo no início da tarde. E não pense no arremedo insípido feito para as massas, que se intitula pilsen, mas que de fato é diluído e monótono, mas nas artesanais. Algumas das minhas favoritas incluem a Schlafly de St. Louis, Victory Prima Pils de Downingtown, Pensilvânia e a Brooklyn Pilsner.
Cervejas de barril são feitas à moda antiga, carbonadas não com a injeção de dióxido de carbono nos barris, como é o caso com a maioria das cervejas hoje, mas, naturalmente, no barril, quando o fermento transforma o açúcar em álcool, com o dióxido de carbono como subproduto que garante a efervescência. Algumas são efervescentes de qualquer maneira.
A carbonatação da cerveja acondicionada em barris é extremamente delicada, por isso muitas pessoas que a experimentam pela primeira vez a acham sem graça. Esse processo delicado realmente dá à cerveja uma pureza bela e uma textura cremosa.
A cerveja que mais gosto é a acondicionada em barris, quer seja uma mild bitter, uma malty porter ou uma IPA estilo inglesa, que não tem o sabor desajeitado de toranja do lúpulo americano.
Para um dia inteiro bebendo ao ar livre, no entanto, escolho uma bitter com cerca de quatro por cento de álcool. Perfeita para beber em uma mesa na calçada (ou em pé, como fazem em Londres) e ver o mundo passar. Várias boas cervejarias nos Estados Unidos tem pelo menos uma ou duas seleções de barril.
Depois de terminar uma ou duas bitters, a tarde chega ao fim. Talvez seja hora de comer novamente. Um dos meus lugares preferidos ao ar livre em Nova York para cerveja e comida é o Loreley, no Lower East Side.
Além dos excelentes schnitzels e salsichas, o Loreley serve uma bela seleção de kölsch, um dos meus estilos favoritos de cervejas, na torneira. A kölsch, com seus sabores delicadamente amargos, carbonatação leve e frutado sutil, é como uma pilsen ligeiramente mais complexa.
Acho a kölsch particularmente refrescante, e, no momento, os cervejeiros americanos parecem ter se interessado pelo estilo. Schlafly e Capitain Lawrence em Elmsford, Nova York, fazem boas versões, mas as kölsches alemãs ainda são as melhores. Procure a Reissdorf, a Gaffel e a Sunner, todas da cidade de Colônia, onde a tradição se originou.
O sol está se pondo, e o dia foi longo. As papilas gustativas devem estar cansadas e precisam de algo que as desperte. Posso sugerir o prazer de uma gose? Esse estilo é maravilhosamente estranho de várias maneiras. É uma cerveja de trigo tipicamente com notas de coentro e sal e, ocasionalmente, limão. É ótima para matar a sede e absolutamente deliciosa.
O estilo é identificado com a cidade alemã de Leipzig, e as boas goses alemãs vêm de Bayerischer Bahnhof e Ritterguts. As cervejarias artesanais americanas, entretanto, como a Westbrook e a Sixpoint, fazem excelentes versões.
Já é noite, e porque foi bem moderado, parece que você está apenas começando, mas, como sabe das coisas, quer continuar indo devagar. A Full Sail Brewery produz uma excelente seleção de cervejas chamada Session, usando o termo dos amantes da bebida para a cerveja com baixo teor alcoólico para ser consumida durante uma longa sessão cervejeira. A lista da Session inclui uma lager fresca e uma IPA equilibrada, em garrafas baixinhas que ficam bem bonitas à luz de velas.
A meia-noite se aproxima, e é hora de pensar em encerrar o dia. Mas uma última rodada é necessária. Por que não uma cerveja negra como a noite? Uma stout irlandesa ou uma porter inglesa. A Guinness é muitas vezes menosprezada por causa de sua onipresença, mas se for da torneira e tirada com habilidade por um bom bartender, é densa e tostada, mas leve e graciosa, e não tem, como muitos acreditam, alto teor alcoólico.
Amo a porter inglesa, com seu sabor de café, chocolate e malte. Ela também não tem muito álcool. A St. Peter's Old-Style Porter e a Samuel Smith's Taddy Porter são duas ótimas versões.
Agora, vá dormir. Você merece.